Poster (Painel)
P136 | Clustering e switching na fluência verbal de deficientes auditivos adultos | Autores: | CHIOSSI, J.S.C.1, SOARES, A.D.1, OLIVEIRA, L.N.1, CHIARI, B.M.1 1 UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo |
Resumo: Resumo Simples
Introdução: Em nosso meio, a aquisição da linguagem ocorre principalmente pela via auditiva. Assim, a privação de experiências causada pela deficiência auditiva, tem consequências negativas para o conhecimento de mundo e desenvolvimento de vocabulário. A organização do léxico se faz a partir do vocabulário, pois categorizar prevê a existência de representações mentais e de rótulos linguísticos. Essas características de organização e acesso lexical podem ser avaliadas pela prova de fluência verbal semântica e fonológica. Essa prova pode ser analisada de forma quantitativa (número de palavras evocadas) e pela capacidade do indivíduo agrupar as informações em subcategorias durante a evocação de palavras (clustering) e de alternar entre agrupamentos quando um se esgota (switching). Objetivo: Descrever as características de clustering e switching da prova de fluência verbal semântica (“animais”) e fonológica (“F”) de deficientes auditivos adultos – usuários do português brasileiro – e verificar sua relação com o total de palavras evocadas na prova, e fatores sociodemográficos e biológicos. Metodologia: Foi realizado um estudo com 42 indivíduos deficientes auditivos adultos, usuários do português brasileiro oral. Foram levantados dados sociodemográficos e as características da deficiência auditiva e do dispositivo auditivo eletrônico. A fluência verbal foi avaliada nas categorias semântica e fonológica, por meio da elocução de “animais” e de palavras iniciadas pela letra “F”, respectivamente. Para a definição dos tamanho do clusters e número de switches as palavras evocadas foram agrupadas segundo subcategorias previamente definidas. O número total de palavras foi calculado contando-se todas as palavras evocadas, excluídos os erros e repetições. O tamanho médio do cluster foi calculado contando-se a partir da segunda palavra de cada cluster, incluídas as repetições. O número de switches foi calculado como o número total de transições entre clusters. Resultados: A média do tamanho do cluster foi de 1,41±0,8 para fluência verbal semântica e 0,71±0,73 para fonológica. O número médio de switches foi de 7,14±3,69 para fluência semântica e 6,36±4,17 para fonológica. Em ambas as provas, o número de switches apresentou uma relação forte e positiva com o total de palavras (p<0,001); o tamanho do cluster teve relação forte apenas com a prova de fluência verbal fonológica (p=0,011). Comparando as provas, o número de switches foi semelhante nas duas categorias (p=0,258) e o tamanho do cluster foi efetivamente maior para fluência semântica (p<0,001). Os fatores biossociais: idade e escolaridade, influenciaram o total de palavras evocadas, tamanho do cluster e número de switches, em ambas as provas. O grau e idade de aquisição da deficiência auditiva, bem como o uso de dispositivo auditivo eletrônico não tiveram relação com as variáveis avaliadas. Conclusão: As habilidades de clustering e switching nos deficientes auditivos são influenciadas pela idade e escolaridade, sem relação direta com as características da deficiência auditiva. A habilidade de switching se refletiu num maior número de palavras evocadas para fluência verbal semântica e fonológica. Bem como, a habilidade de clustering influenciou o total para categoria fonológica. O clustering é mais facilmente realizado para pista semântica em relação à fonológica nos sujeitos deficientes auditivos.
Palavras-chave: Cognição, Perda Auditiva, Testes de Linguagem, Auxiliares de Audição |