Poster (Painel)
P074 | Efeitos da perda auditiva e da cognição no reconhecimento de fala em escuta dicótica em idosos. | Autores: | BRUCKMANN, M.1, DUARTE, M.1, PINHEIRO, M.M.C.1 1 UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina |
Resumo: Resumo Simples
O envelhecimento pode afetar o sistema auditivo central causando lentificação do processamento da informação acústica, prejuízo na localização das fontes sonoras e, consequentemente, redução na inteligibilidade da fala. As habilidades auditivas centrais que exigem a comunicação inter-hemisférica realizada pelo corpo caloso, podem ser afetadas por este processo senescente e pode ocorrer uma atrofia das fibras do corpo caloso ou uma progressiva desmielinização do mesmo.Para avaliar a comunicação inter-hemisférica das vias auditivas centrais são utilizados testes de percepção de fala em escuta dicótica. Porém, além da alteração no sistema auditivo periférico e central, o envelhecimento também é responsável por mudanças que geram uma diminuição do suporte cognitivo. Objetivo: Avaliar os efeitos da perda auditiva e da cognição no reconhecimento de fala em escuta dicótica em indivíduos idosos. Metodologia: Este estudo caracterizou-se por ser uma pesquisa exploratória do tipo observacional descritiva e de corte transversal com amostra não probabilística por conveniência. Foram avaliados 30 idosos, dos quais 19 foram do sexo feminino e 11 masculino, com idade entre 60 e 88 anos.Os indivíduos responderam uma anamnese, a Escala de Depressão Geriátrica (EDG-15) e o Mini Exame do Estado Mental (MEEM) para avaliar a cognição. Os indivíduos selecionados deveriam apresentar escores dentro dos padrões de normalidade na EDG-15 e nunca ter feito uso de Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AASI). Após, realizaram avaliação audiológica básica e o Teste Dicótico de Dígitos (TDD) para avaliar o reconhecimento de fala em escuta dicótica. A amostra foi distribuída em dois grupos baseados nos limiares auditivos, calculado por meio da média das frequências sonoras de 500 a 4000 Hz do audiograma, dos quais o GI ficou composto por idosos sem perda auditiva e o GII composto por idosos, com perda auditiva neurossensorial de até 70 dBNA na média das frequências de 500 a 4000 Hz, bilateralmente e de forma simétrica. Resultados: Dos 30 participantes, 17 (56,7%) apresentaram limiares auditivos dentro dos padrões de normalidade e formaram o GI e 13 (43,3%) apresentaram perda auditiva e formaram o GII. A média dos limiares de audibilidade do GI foi de 17,12 dBNA e do GII foi de 35,91 dBNA, que representa uma perda auditiva de grau leve. Observou-se significância estatística entre o GI e GII com o resultado do TDD na OE, indicando diferença no reconhecimento de escuta dicótica, em que os indivíduos do GI apresentam melhor resposta nesta orelha. Em relação ao resultado encontrado no MEEM, 18 (60%) indivíduos apresentaram escores dentro dos padrões de normalidade e 12 (40%) apresentaram alteração. Dos 12 indivíduos com alteração cognitiva, apenas cinco apresentou perda auditiva, o que não demonstrou significância estatística entre os fatores (p-valor: 0,880). Os aspectos cognitivos não influenciaram no reconhecimento de dígitos em escuta dicótica, em ambas as orelhas, independente dos indivíduos fazerem parte do GI ou GII, visto que não houve significância estatística entre os resultados. Conclusão: O reconhecimento de fala em escuta dicótica sofreu influências da perda auditiva apenas na OE, porém, não houve influência dos aspectos cognitivos.
Palavras-chave: Idoso, Cognição, Percepção de fala |