ANAIS :: 30º EIA - Bauru/SP - 2015 - ISSN : 1983-179X
Resumo: AO050

Oral (Tema Livre)


AO050

ESTABILIDADE DAS MEDIDAS COMPORTAMENTAIS E ELETROFISIOLÓGICAS DO PROCESSAMENTO AUDITIVO APÓS TREINAMENTO AUDITIVO ACUSTICAMENTE CONTROLADO EM INDIVÍDUOS COM TRAUMATISMO CRANIOENCEFÁLICO

Autores:
GODOY, C.C.F.1, GIL, D.1
1 UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo

Resumo:
Resumo Simples

Introdução: Indivíduos que sofreram Traumatismo Cranioencefálico podem apresentar distúrbio do processamento auditivo, e, portanto, a realização de um programa de reabilitação auditiva baseada no treinamento auditivo pode contribuir para a melhora em sua qualidade de vida. Essa melhora resulta da plasticidade neural, a qual pode adequar habilidades auditivas e compensar, ainda que parcialmente, déficits cognitivos, metacognitivos e metalinguísticos. Entretanto, pouco se sabe sobre a consolidação e manutenção dos benefícios obtidos após o treinamento auditivo acusticamente controlado em longo prazo nesses indivíduos lesados cerebrais. Espera-se que o ambiente, naturalmente desafiador em termos de comunicação, encarregue-se de continuar a estimulá-los, garantindo que as melhorias obtidas com o treinamento possam manter-se e até mesmo se aprimorar. Objetivo: Investigar a eficácia do treinamento auditivo acusticamente controlado em indivíduos adultos após traumatismo cranioencefálico em longo prazo. Método: O estudo foi realizado em seis adultos audiologicamente normais com idades entre 20 e 37 anos que haviam sofrido traumatismo cranioencefálico grave com lesão axional difusa com ou sem lesão focal associada, que foram submetidos a um programa de Treinamento Auditivo Acusticamente Controlado há aproximadamente um ano. Foram comparados os resultados obtidos nas avaliações comportamental e eletrofisiológica do processamento auditivo imediatamente após o treinamento auditivo acusticamente controlado e a reavaliação utilizando os mesmos procedimentos no mínimo um ano após o mesmo. Resultados: A análise quantitativa do potencial evocado auditivo de tronco encefálico evidenciou aumento da latência absoluta de todas as ondas e dos intervalos interpicos na avaliação atual em comparação aos resultados obtidos após o treinamento auditivo em ambas as orelhas, bem como aumento da amplitude de todas as ondas, sendo o aumento da amplitude da onda V estatisticamente significante para a orelha direita e da onda III para a orelha esquerda. Quanto ao P3, observou-se diminuição da latência deste componente em ambas as orelhas na avaliação atual com diferença estatisticamente significante na orelha direita e com tendência à significância na orelha esquerda, assim como aumento da amplitude do P3 na avaliação atual em ambas as orelhas. Os resultados da avaliação comportamental atual evidenciaram desempenho semelhante quando comparados os resultados após treinamento auditivo, com exceção do teste dicótico de dissílabos alternados na orelha esquerda e a quantidade de erros no teste dicótico consoante-vogal, ambos com piora na situação de avaliação atual. Conclusão: Indivíduos com lesão axional difusa após sofrerem traumatismo cranioencefálico grave, aproximadamente um ano após serem submetidos ao treinamento auditivo acusticamente controlado apresentam, na comparação entre a avaliação imediatamente após o TA e reavaliação atual: aumento das latências absolutas das ondas I, III e V do PEATE e dos intervalos interpicos do I-V na orelha direita e III-V e I-V na orelha esquerda; aumento das amplitudes das ondas I, III e V do PEATE em ambas as orelhas; diminuição da latência e aumento da amplitude do P3 em ambas as orelhas; manutenção do desempenho nos testes comportamentais do processamento auditivo, demonstrando estabilidade dos resultados comportamentais e melhora nos resultados eletrofisiológicos, sobretudo do potencial de longa latência.

Palavras-chave:
 Plasticidade Neuronal, Estimulação Acústica, Aprendizagem, Traumatismo Encefálico