Poster (Painel)
P152 | Percepção da fala em crianças deficientes auditivas: Matriz de confusão como proposta de análise | Autores: | COSTA, N.T.O.1, PAZ-OLIVEIRA, A.1, MOMENSOHN-SANTOS, T.M.1 1 PUC-SP - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo |
Resumo: Resumo Simples
Introdução: Visando amenizar o impacto da deficiência auditiva na percepção da fala, atualmente estão disponíveis no mercado modernos dispositivos para a reabilitação auditiva dos deficientes auditivos, tal como o aparelho de amplificação sonora individua (AASI). Levando em consideração a importância da quantidade e qualidade do sinal acústico fornecido por esse dispositivo, muitos estudos são feitos para melhor caracterizar o sinal de fala recebido por esses indivíduos, contribuindo para o aprimoramento da qualidade da amplificação acústica. Por tal motivo, muita ênfase é dada aos testes de percepção auditiva da fala. Todavia, normalmente esses testes são fundamentados em estimativas quantitativas baseadas em percentuais de acertos, e os erros acabam sendo analisados com equivalência, perdendo-se elementos que poderiam ser valiosos para uma seleção ainda mais refinada dos parâmetros acústicos dos dispositivos de amplificação sonora e para um planejamento terapêutico diferenciado. Objetivo: Analisar a aplicabilidade da Matriz de Confusão (MC) na análise qualitativa dos erros identificados na tarefa de percepção de fala em deficientes auditivos. Metodologia: Foi aplicado o teste de reconhecimento de fala por meio da repetição de palavras gravadas em 10 crianças com idade entre sete e 12 anos, com deficiência auditiva neurossensorial, de grau moderado a profundo e usuárias de AASI. Os fones consonantais identificados nas amostras de fala foram registrados na MC, em seguida foram contabilizados os percentuais de acertos, substituições e omissões das consoantes. Resultado: A MC permitiu identificar que o tipo de erro mais frequente no grupo é a substituição, principalmente de consoantes constritivas fricativas alveolares (/s/ /z/) e palatais (/∫/, /Ʒ/); isso pode justificar-se pelo fato dessas serem as consoantes do português brasileiro com menos concentração de energia acústica e cujos F2 e F3 estão nas áreas de frequência mais altas, sendo uma tarefa de reconhecimento difícil para o deficiente auditivo, uma vez que a perda auditiva afeta, em geral, essa região de frequências. A omissão de segmentos se mostrou menos frequente, mas foi possível observar entre os casos a predominância da omissão da líquida /R/ em posição final de sílaba; essa ocorrência pode ser justificada pelo fato dessa consoante ter como característica a baixa intensidade, aproximadamente 25 dB(NA), sendo a sua percepção muito difícil para um deficiente auditivo. Conclusão: A MC permitiu a especificação da quantidade e tipo (substituição ou omissão) de erro; além disso, foi possível correlacionar as informações identificadas na MC com aspectos fonético-articulatórios e/ou acústicos dos fonemas e identificar a natureza dos erros presentes na amostra de fala. Dessa forma, é possível concluir que a MC se mostrou um instrumento viável para a análise qualitativa dos erros identificados no teste de percepção de fala das crianças analisadas. O uso da MC também pode ser um instrumento de avaliação que possibilita ao terapeuta direcionar melhor suas intervenções para a melhoria da produção de fala destas crianças.
Palavras-chave: inteligibilidade de fala, Discriminação de fala, Perda auditiva, Auxiliares de audição |