Poster (Painel)
P087 | Alterações no Traço de Sonoridade e correlação com o Processamento Auditivo | Autores: | RAMONE, L.1, FRANÇA, A.I.1, FROTA, S.1,1, MORAES, J.A.1 1 UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro |
Resumo: Resumo Simples
Introdução: A literatura evidencia a capacidade dos bebês perceberem contrastes fonêmicos universais precocemente, dentre estes, o contraste do vozeamento. Considerando que a percepção categórica é universal e inata e se restringe com a exposição à língua para percepção das categorias fonêmicas da língua materna, este estudo procurou investigar por que algumas crianças apresentam falhas na categorização do traço de sonoridade após o período de aquisição. Sabe-se que o processamento do estímulo auditivo tem início precocemente em regiões subcorticais. A questão é em que momento do processamento do sinal de fala o processo se corrompeu. Objetivo: verificar as características acústicas na produção de fones e do processamento auditivo em indivíduos que apresentam trocas no traço de sonoridade. Metodologia: participaram 18 crianças de 9 a 12 anos, de escolas públicas, destras, sem perdas de audição, ausência de déficits cognitivos ou uso de neurolépticos divididos em GC: 8 crianças sem alterações de linguagem, e GD: 10 crianças com alterações na fala no traço de sonoridade. Foi implementada uma sequência de testes. O teste ABFW foi aplicado seguido da audiometria. Os participantes admitidos realizaram Teste de Processamento Auditivo Central e um teste de nomeação de figuras com palavras contendo contraste na sonoridade. A nomeação serviu de imput para Análise Acústica com o uso do Software PRAAT. Para análise quantitativa observamos os parâmetros: duração absoluta e relativa das oclusivas vozeadas, não vozeadas e de fricativas; duração absoluta e relativa do VOT de oclusivas vozeadas e não vozeadas. Resultados: a partir de 423 crianças avaliadas selecionamos 15 crianças com alterações no traço de sonoridade, sendo que 10 delas participaram deste estudo. Quanto ao PAC, a avaliação simplificada não demonstrou diferenças entre os grupos em nenhum dos testes: Teste de Localização Sonora (TLS), Teste de Memória para Sons Verbais em Sequência (TMSV), Teste de Memória para Sons Não verbais em Sequência (TMSNV). Os resultados foram classificados em normal ou alterado e os dados tratados estatisticamente com o teste Chi-quadrado de Pearson. Encontramos diferenças significativas entre os resultados do GC e GD nos testes SSW, (Staggered Spondaic Word Test), TD (Teste de Padrão de Duração) e TF (Teste de Padrão de Freqüência). No GIN (Gap In Noise ) não houve diferença significativa entre os grupos. A análise acústica apontou características acústicas especificas nos indivíduos do GD como redução na faixa de valores para categorização do traço de sonoridade em oclusivas e fricativas vozeadas quanto à duração absoluta e relativa. Quanto a VOT foram encontradas diferenças significativas entre os grupos no VOT de oclusivas vozeadas e não vozeadas e no VOT relativo de oclusivas não vozeadas. Conclusão: O contraste do vozeamento, apontado como quase universal entre as línguas, foi neste trabalho enfocado sob o aspecto das alterações da fala. Por meio de uma sequência de testes foram verificadas marcas acústicas específicos destes indivíduos, ainda que imperceptíveis à escuta natural. Não foram verificadas alterações em habilidades auditivas periféricas. Quanto ao processamento central, detectamos alterações em habilidades envolvendo figura-fundo, ordenação temporal complexa de sons verbais e aspectos temporais do som.
Palavras-chave: Processamento Auditivo, Traço de Sonoridade, Linguagem |