Oral (Tema Livre)
AO026 | Processamento Temporal e Fissura Labiopalatina: estudos de casos | Autores: | JOSÉ, M.R.1, ALVES, B.T.2, DUTKA, J.C.R.2,1, FENIMAN, M.R.1,2 1 FOB - USP - Faculdade de Odontologia de Bauru - USP, 2 HRAC - USP - Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais - USP |
Resumo: Resumo Simples
A fissura labiopalatina (FLP) é resultado da malformação decorrente de falhas no desenvolvimento ou na maturação dos processos embrionários. Distúrbios na fala, mais especificamente na articulação dos sons, durante a aquisição de linguagem, acarretam alterações que podem comprometer a comunicação dos indivíduos com FLP. Os distúrbios mais recorrentes na FLP são as articulações compensatórias (ACs) que correspondem aos erros de aprendizagem decorrentes de alterações estruturais, provocadas pela própria FLP ou pela presença de fístulas no palato e/ou distúrbios obrigatórios (DOs), que são decorrentes exclusivamente da disfunção velofaríngea, como a hipernasalidade, emissão de ar nasal audível e fraca pressão. Para que ocorra o processamento auditivo da fala, é necessária a integridade dos aspectos temporais da audição que são responsáveis pela percepção de intervalos de tempo, duração e ordenação dos sons, habilidades essenciais para identificar variações acústicas na fala, para compreensão da mensagem ouvida e correta produção dos fonemas. Objetivo: verificar o desempenho de cinco sujeitos com fissura labiopalatina e articulação compensatória em testes que avaliam as habilidades de resolução e ordenação temporal. Metodologia: A amostra foi composta por cinco sujeitos adultos (idade variando entre 21 a 35 anos), devidamente matriculados em um hospital de referência no tratamento de anomalias craniofaciais. O Teste de detecção de gap randomizado (RGDT) foi utilizado para verificar a habilidade de resolução temporal e consistiu na apresentação de uma sequência de pares de estímulos (tom puro) com pequenos intervalos de tempo variando entre zero a 40 ms , apresentados de forma aleatória, o qual o sujeito foi instruído a responder se teve a percepção de ter escutado um ou dois sons. Para avaliação da ordenação temporal foram realizados os testes de Padrão de Frequência (TPF) e Padrão de Duração (TPD). O TPD consistiu na apresentação monoaural de uma lista contendo dez sequências de três e, posteriormente quatro tons puros longos e curtos, onde foi solicitado que o sujeito nomeasse a sequência ouvida. O TPF consistiu na apresentação de uma lista contendo dez sequências de três e, posteriormente quatro estímulos graves e agudos, de forma monoaural, com as possibilidades de nomeação e imitação da sequência ouvida. Os testes foram realizados em cabina acústica, com auxílio de um notebook acoplado a um audiômetro de dois canais, a uma intensidade de 50 dBNS, considerando a média dos limiares auditivos aéreos de 500, 1000 e 2000 Hz, para cada orelha, nos testes TPF e TPD e, incluindo o limiar de 4000 Hz no teste RGDT. Resultados: Em relação a cada teste realizado, os sujeitos que não apresentaram resultados dentro dos padrões de normalidade foram: RGDT: sujeitos 3, 4 e 5; TPD: sujeitos 1 e 3; e, TPF: sujeitos 1, 2, 3 e 5. Conclusão: neste estudo, todos os sujeitos apresentaram resultados inferiores ao esperado para a faixa etária, em no mínimo um teste que avalia os aspectos temporais da audição. Sugere-se estudos com um maior número de sujeitos para verificar as habilidades auditivas de resolução e ordenação temporal, as quais podem auxiliar o processo terapêutico desses pacientes.
Palavras-chave: Fissura Palatina, Percepção Auditiva, Transtornos da Articulação |