ANAIS :: 30º EIA - Bauru/SP - 2015 - ISSN : 1983-179X
Resumo: P116

Poster (Painel)


P116

Evidências retrococleares em crianças com hipotireoidismo congênito e início tardio do tratamento de reposição com levotiroxina (LT-4).

Autores:
BRAGA, H.O.4,5,3, ANDRADE, C.L.O.4,5,3, FERNANDES, L.C.5, ESTRELA, H.R.3,5,4, ALVES, C.A.D.5,4
2 APAE - Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais, 3 LET - Laboratório de Estudo da Tireoide, 4 PPGPIOS - Pós-Graduação Processos Interativos dos Órgãos e Sistemas, 5 UFBA - Universidade Federal da Bahia

Resumo:
Resumo Simples

Os hormônios tireoidianos (HT) são fundamentais para o desenvolvimento de vários órgãos e sistemas, dentre eles o sistema nervoso auditivo central (SNAC). Alterações auditivas podem estar presentes em pacientes com hipotireoidismo congênito (HC), mesmo na presença de limiares auditivos dentro dos padrões de normalidade. Neste sentido, o exame eletrofisiológico permite a avaliação da sincronia neural das vias auditivas e detém a sensibilidade em detectar lesões subclínicas, antes mesmo de apresentarem possíveis sintomas ou sinais auditivos. Objetivo: Investigar a sincronia neural do sistema nervoso auditivo em indivíduos com HC, por meio do PEATE e reflexos acústicos estapedianos, bem como analisar correlações dos exames audiológicos e variáveis clínicas da doença. Método: Estudo exploratório descritivo com amostra por conveniência, composta por pacientes com HC em tratamento com levotiroxina com idade ≥ cinco anos. Pacientes com TSH (hormônio tireoestimulante) anormal em uma ou mais consultas foram classificados como hipertratamento (TSH ≤ 5 µUI/mL) e hipotratamento (TSH ≥ 15 µUI/mL). Como instrumento de pesquisa utilizou-se um questionário de investigação sob a história pregressa da audição a fim de excluir comprometimentos de orelha média, bem como os exames de audiometria tonal e vocal, imitanciometria e potencial evocado auditivo de tronco encefálico (PEATE). A análise estatística utilizou o software estatístico R. As variáveis contínuas foram descritas como média, desvio padrão, valores máximos e mínimos. Utilizou-se o Teste t de Student para analisar variáveis paramétricas, e testes de Pearson e Spearman para correlações entre outras variáveis. Resultados: A média de idade quando do exame diagnóstico foi de 51,7 (±41,6) dias. Os níveis séricos dos hormônios TSH e T4L, no exame diagnóstico, obtiveram médias de 85,6 µUI/mL (±112,3) e 1,17 ng/dL (± 0,85), respectivamente. A média do tempo de tratamento desde o diagnóstico foi de 8,31 anos (±3,09) anos. Na ultrassonografia da tireoide, a disormonogênese foi a forma etiológica mais frequente (70,4%). Quanto aos exames de seguimento hormonal até a idade atual, 76,7% (33) indivíduos tiveram valores de TSH suprimido e 55,81% de TSH > 15 µUI/ml. No dia da avaliação audiológica, 70% dos indivíduos apresentaram níveis séricos de T4L e TSH regularizados. Das 88 orelhas investigadas, todas apresentaram limiares auditivos normais abaixo de 20 DBNA, 11,4% tiveram reflexos acústicos ausentes e 9% elevados, segundo Gelfand (1984). Todas as curvas timpanométricas foram do Tipo A de Jerger: média de pico sob máxima complacência para orelha direita e esquerda, de 0,6cm³ e 0,7 cm³ respectivamente; mínimo de 0,3cm³ e 0,3cm³ e máximo de 1,4cm³ e 1,5cm³, com desvio-padrão de 0,4cm³ e 0,3cm³. Quanto ao PEATE, observou-se diferença significativa das latências absolutas e interpicos entre as orelhas (p<0,05). Houve correlação de grau moderado e significante ao nível de 5% entre a idade do diagnóstico e as latências interpicos I-III (r = 0,32, p= 0,029) e I-V (r = 0,36, p=0,16), na orelha direita. Conclusão: Crianças com hipotireoidismo congênito e início tardio do tratamento com LT-4 (acima dos 30 dias de vida), ainda que normo-ouvintes, podem apresentar comprometimento nas vias auditivas centrais, possivelmente, devido o período da deficiência hormonal.

Palavras-chave:
 Hipotireoidismo Congênito, Perda auditiva, Triagem Neonatal