Encontro Internacional de Audiologia

ANAIS - TRABALHOS CIENTÍFICOS

EMISSÕES OTOACÚSTICAS E EFEITO INIBITÓRIO DO SISTEMA EFERENTE EM ADULTOS NORMO-OUVINTES COM EXPOSIÇÃO AO RUÍDO: INDICADORES PARA PERDA AUDITIVA OCULTA?
Rocha, C. H. ; Kamita, M. K. ; Andrade, C. Q. ; Lopes, M. E. P. ; Sanches, S. G. G. ; Matas, C. G. ; Samelli, A. G. ;

Introdução: Estudos recentes têm indicado que a exposição ao ruído intenso pode ocasionar alterações no sistema auditivo periférico e central, mesmo na presença de limiares auditivos normais na audiometria tonal. Dentre os métodos para avaliar essa alteração, denominada perda auditiva oculta, as emissões otoacústicas (EOA) e o efeito inibitório do sistema auditivo eferente vêm sendo utilizados. Pesquisadores têm encontrado uma maior ausência de respostas das EOAs em indivíduos expostos ao ruído, quando comparados aos indivíduos sem exposição, mesmo na presença de audição normal. Outros estudos têm proposto que o sistema eferente minimiza a sinaptopatia coclear decorrente da exposição ao ruído. Assim, a avaliação das EOA transientes (EOAT) e do efeito inibitório da via auditiva eferente podem auxiliar na identificação dos primeiros indícios de dano ao sistema auditivo, servindo como marcadores de risco para alterações auditivas, antes mesmo que a audiometria evidencie uma perda auditiva. Objetivo: Comparar as EOAT e o efeito inibitório da via auditiva eferente em indivíduos normo-ouvintes expostos e não expostos a ruído ocupacional. Metodologia: Estudo aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da instituição (nº 2.435.259). Participaram 60 adultos, sexo masculino, normo-ouvintes (limiares auditivos menores que 25 dBNA em todas as frequências), sem queixas auditivas, divididos em: grupo estudo (GE) com 34 trabalhadores expostos ao ruído ocupacional (média de idade: 37,5 anos), e grupo controle (GC) com 26 trabalhadores sem exposição ao ruído ocupacional (média de idade: 35,2 anos). Foram realizados: pesquisa das EOAT com estímulo não linear a 80 dBNPS, considerando-se presença de EOAT, relações Sinal/Ruído ≥3 dBNPS em três frequências consecutivas; e avaliação do efeito inibitório da via auditiva eferente, nos participantes que apresentaram EOAT presentes. Para isso, foram usados estímulos tipo clique linear a 60 dBNPS, na presença e ausência de ruído White Noise a 60 dBNPS na orelha contralateral. Para análise da amplitude da resposta das EOAT e do efeito inibitório da via eferente, os resultados foram transformados em microPascal (µPa). Para análise estatística, foram utilizados os testes Anova e Qui-quadrado. Resultados: Na análise qualitativa, o GC apresentou presença de resposta das EOATs em 96% das avaliações, contra 72% do GE. Em relação às amplitudes das EOATs, o GC apresentou valores maiores para todas as frequências avaliadas, em ambas as orelhas, com diferenças significantes para 1,4kHz na orelha direita (OD) (p-valor=0,04), 2kHz OD (p-valor=0,03), 4kHz OD (p-valor=0,002) e 4kHz OE (p-valor=0,02). Na avaliação do efeito inibitório da via auditiva eferente, foram considerados apenas os resultados da OD, em virtude da vantagem da OD sobre a OE, descrita na literatura. Na análise qualitativa, o GC apresentou maior ocorrência de inibição da via eferente (92% contra 63% para o GE), com diferença significante (p-valor=0,021). Não foi observada diferença entre os grupos para a amplitude do efeito inibitório (p-valor=0,913). Conclusão: Verificamos amplitudes das EOAT menores nos indivíduos normo-ouvintes expostos ao ruído, assim como menor ocorrência de efeito inibitório eferente, quando comparados aos indivíduos sem exposição ao ruído, sugerindo que estes procedimentos podem ser indicadores de risco para presença de perda auditiva oculta.

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DADOS DE PUBLICAÇÃO
Página(s): p.203
ISSN 1983-1793X
https://audiologiabrasil.org.br/36eia/anais-trabalhos-consulta/203