Encontro Internacional de Audiologia

ANAIS - TRABALHOS CIENTÍFICOS

SÍFILIS CONGÊNITA ASSOCIADA À PERDA AUDITIVA NEONATAL
Eduarda Besen ; Moreira, E. ; Gonçalves, L. F. ; Paiva, K. M. ; Haas, P. ;

Introdução: A perda auditiva na infância está dentre as doenças passíveis de triagem ao nascimento, a deficiência auditiva no Brasil apresenta incidência de 30:10.000 nascidos vivos. Entre os indicadores de risco para deficiência auditiva estão as infecções congênitas que nos últimos anos, vem configurando-a como um problema de saúde pública. A sífilis congênita é uma doença infecciosa causada pelo Treponema Pallidum (microrganismo espiralado) um patógeno exclusivo do ser humano. No Brasil, no ano de 2009 a taxa de incidência de transmissão vertical era de 2,1:1000 nascidos vivos, observa-se progressivo aumento em comparação com o ano de 2018, 9:1000 nascidos vivos, reduzindo em 2019 para 8,2:1000 nascidos vivos. A exposição à sífilis no período gestacional é citada como indicador de risco por afetar a orelha interna ocasionando periostite, atrofia do órgão de Corti e hidropsia endolinfática do labirinto membranoso. Estas alterações podem afetar principalmente o gânglio espiral e fibras nervosas do oitavo par craniano, ocasionando perda auditiva do tipo sensorioneural. Objetivo: Verificar associação entre sífilis congênita e deficiência auditiva em neonatos. Métodos: A presente revisão sistemática foi conduzida conforme as recomendações PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic reviews and Meta-Analyses). As buscas por artigos científicos foram conduzidas por dois pesquisadores independentes nas bases de dados eletrônicas MEDLINE (Pubmed), LILACS, SciELO, BIREME e para complementar, foi realizada uma busca manual nas referências dos artigos incluídos na pesquisa e busca por literatura cinza no Google Scholar referente ao período Janeiro de 2010 até maio de 2020. A pesquisa foi estruturada e organizada na forma PICOS. Os descritores foram selecionados a partir do dicionário Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e Medical Subject Heading Terms (MeSH) os seguintes operadores boleanos: [(sífilis) or (neonatos) and (audição)] e [(syphilis) or (newborn) and (hearing)]. A extração dos dados para o processo de elegibilidade dos estudos foi realizada utilizando-se uma ficha própria para revisão sistemática elaborada por dois pesquisadores em Programa Excel@,. Resultados: Um total de 223 artigos foram identificado nas buscas primárias. Sendo cinco estudos admitidos pois responderam à pergunta norteadora: Qual a relação entre sífilis congênita e perda auditiva em neonatos? Os estudos admitidos buscavam relacionar os indicadores de risco para perda auditiva neonatal em diferentes setores (ambulatórios, maternidades e clínicas), dentro do indicador infecção congênita encontrava-se a sífilis congênita. Três estudos encontraram associação entre infecção congênita e perda auditiva. A sífilis congênita mesmo que assintomática, pode causar perda auditiva sensorioneural em neonatos, precoce ou tardia, crianças com mais de um ano de idade. Conclusão: Neste estudo, conclui-se a sífilis congênita pode causar perda auditiva sensorioneural em neonatos, de maneira precoce ou tardia. Sendo, assim necessário vigilância e acompanhamento durante os primeiros anos de vida da criança, para que não comprometa o desenvolvimento da linguagem e da audição.

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DADOS DE PUBLICAÇÃO
Página(s): p.205
ISSN 1983-1793X
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