Encontro Internacional de Audiologia

ANAIS - TRABALHOS CIENTÍFICOS

PERSPECTIVAS ATUAIS DA ASSOCIAÇÃO ENTRE IDADE E EXPOSIÇÃO A AGENTES OCUPACIONAIS: RESULTADOS PARCIAIS
Sanches, J. F. ; Mariotto, L. G. S. ; Soares, A. C. A. ; Lopes, A. C. ;

Na clínica fonoaudiológica, mais precisamente na área de audiologia, as perdas auditivas relacionadas ao envelhecimento vêm ganhando destaque, uma vez que há crescimento da população idosa. Segundo o IBGE, em 2019, o Brasil tinha mais de 28 milhões de pessoas acima de 60 anos, representando 13% da população nacional. Assim, o estudo na área da audição relacionada ao envelhecimento torna-se relevante. No Brasil, estudos populacionais sobre audição ilustram com frequência a presbiacusia (por ser configurada como uma das razões mais frequentes de deficiência auditiva adquirida), junto a causas relacionadas ao trabalho, morbidades associadas (otite média, diabetes, hipertensão, reumatismo, depressão) e o uso de medicamentos, como motivos desencadeantes da perda auditiva. Concomitante a isso, em casos de perda auditiva pela idade, tem sido relatada como de início precoce, em torno dos 55 anos de idade e com evolução rápida, sendo indicado investigar a possível relação com distúrbios metabólicos ou vasculares, o uso de ototóxicos e de nicotina, além de verificar se há histórico de ruído ocupacional. Diante disso, considerando o aumento do número de idosos no país e consequentemente a estimativa de trabalhadores brasileiros portadores de PAIR, este estudo tem como objetivo identificar as alterações na audição de idosos sem e com exposição ao ruído ocupacional. Método: Estudo retrospectivo, com consulta ao banco de dados de um serviço público de saúde auditiva. Foram analisados dados demográficos, queixa/motivo da consulta, otoscopia, dados referentes ao diagnóstico audiológico, equilíbrio, condições de saúde geral, comorbidades como doenças cardiovasculares, depressão, amplificação, bem como a procedência e encaminhamentos. A amostra, composta por 59 prontuários, analisados no período de 12 de janeiro a 07 de junho de 2021. Resultados Parciais: os dados foram classificados por grupos de faixas etárias com e sem exposição ao ruído ocupacional. O G1 foi composto por 27 pacientes que relataram risco químico ou físico no ambiente de trabalho, enquanto o G2, foi composto por 32 pacientes que não tiveram exposição a este riscos no ambiente de trabalho. A idade do G1 variou de 63 a 84 anos, enquanto a do G2 variou de 60 a 87 anos. Os resultados da ATL foram analisados em relação ao tipo, grau, configuração e lateralidade da perda auditiva e classificados de acordo com a OMS, 2020, assim como a NR 07 de 2020, ou seja, a média tritonal de 500, 1.000 Hz e 2.000 Hz e 3.000 Hz, 4.000 Hz e 6.000 Hz. A associação das comorbidades, imitanciometria e reconhecimento de fala foram analisadas entre os grupos. A análise parcial dos resultados evidenciou limiares auditivos mais comprometidos no G1, o que indica que os riscos químicos e físicos potencializam os efeitos da idade na audição. Considerações finais: Este estudo permitirá ampliar as evidências na área de saúde auditiva em pessoas expostas ao ruído ocupacional, na identificação precoce de alterações na saúde e qualidade de vida de idosos.

Brasil. Secretaria Especial de Previdência e Trabalho (SEPRT) do Ministério da Economia. Norma Regulamentadora n.º 07 - Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO). Disponível em IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Revista Retratos, 2019. Disponível em: https://censo2021.ibge.gov.br/2012-agencia-de-noticias/noticias/24036-idosos-indicam-caminhos-para-uma-melhor-idade.html.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE (OMS). Prevention of blindness and deafness. 2020. Disponível em: http://www.who.int/publications-detail/ basic-ear-and-hearing-care-resource
Política Nacional de Saúde da Pessoa Portadora de Deficiência. Portaria nº1060/2002. Brasília: MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2002/prt1060_05_06_2002.html

DADOS DE PUBLICAÇÃO
Página(s): p.224
ISSN 1983-1793X
https://audiologiabrasil.org.br/36eia/anais-trabalhos-consulta/224