Encontro Internacional de Audiologia

ANAIS - TRABALHOS CIENTÍFICOS

RESTRIÇÃO DE PARTICIPAÇÃO AUDITIVA E ASSOCIAÇÃO COM DESEMPENHO LINGUÍSTICO-COGNITIVO DE IDOSOS
FIAMONCINI, J. D. ; SILVA, I. M. C. ; SATLER, C. ; CERA, M. L. ;

Introdução: Atualmente, há no Brasil aproximadamente 29 milhões de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos. Segundo a projeção da população brasileira, em 2050, esse número chegará a quase 62 milhões. O processo de envelhecimento natural está associado ao leve comprometimento de algumas funções fisiológicas, como por exemplo, a redução das entradas sensoriais. Dentre as privações sensoriais, a auditiva, presbiacusia, faz com que os idosos apresentem diminuição da inteligibilidade de fala, comprometendo a comunicação. Estudos evidenciam que a maioria dos indivíduos com queixas auditivas apresenta a autopercepção de restrição de participação decorrente das dificuldades na audição e essas alterações são fatores de risco para o declínio de algumas funções cognitivas que pode ser observado. O aumento da população idosa exige estratégias de promoção da saúde pelo maior tempo possível e isso depende da caracterização do perfil auditivo-comunicativo e cognitivo dos idosos. Assim, é fundamental compreender a autopercepção auditiva do idoso quanto a sua participação social e a associação dessa percepção com o seu desempenho linguístico-cognitivo. Objetivo: Caracterizar e associar a autopercepção auditiva e os desempenhos linguístico e cognitivo de idosos de um centro comunitário brasileiro. Métodos: Foi analisado o banco de dados coletado em 2019 em ações realizadas com idosos que frequentavam um centro comunitário. Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa, sob CAAE: 31236620.6.0000.8093. Foram coletados dados de identificação e de saúde auditiva e aplicados os instrumentos: 1) Hearing Handicap Inventory for the Elderly – Screening version; 2) Teste de rastreio cognitivo do Miniexame do Estado Mental; e 3) Subtestes de Linguagem da Bateria Montreal-Toulouse, MTL – Brasil. Resultados: Participaram do estudo 61 indivíduos, com média de idade de 71 anos (DP:7,65) e de escolaridade de 6 anos (DP:4,18). Quanto às queixas auditivas, embora inicialmente 38 idosos afirmaram que a audição estava diferente de antes, apenas 29 idosos relataram queixa auditiva. A percepção de restrição de participação auditiva foi assim distribuída: 17 apresentaram uma percepção leve a moderada e 3 apresentaram uma percepção de restrição significativa devido às dificuldades auditivas. Em relação ao teste de rastreio cognitivo, 49 idosos apresentaram o desempenho sugestivo de alteração cognitiva. Quanto ao desempenho de linguagem, a análise do z escore individual demonstrou que 54 idosos apresentaram alteração em algum subteste aplicado. Por fim, houve associação estatisticamente significante entre a autopercepção de restrição de participação auditiva e a alteração no subteste de repetição. Conclusão: Apesar de muitos idosos referirem mudança da audição, 47% afirmaram ser uma queixa e 33% deles percebiam que esta dificuldade restringia a participação auditiva. Entretanto, não houve associação da percepção auditiva com o desempenho linguístico-cognitivo, exceto para o subteste de repetição, habilidade que depende da audição. O acompanhamento do desempenho dessas habilidades é fundamental para o planejamento de ações de promoção e prevenção à saúde auditiva de idosos. Os resultados deste estudo evidenciam a relevância de programas de triagem auditiva regular para idosos, visando agilizar o diagnóstico e a manutenção do envelhecimento ativo.

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DADOS DE PUBLICAÇÃO
Página(s): p.229
ISSN 1983-1793X
https://audiologiabrasil.org.br/36eia/anais-trabalhos-consulta/229