DESEMPENHO DE CRIANÇAS BRASILEIRAS NO TESTE PADRÃO DE FREQUÊNCIA
Carvalho, N.G. ;
Amaral, M.I.R. ;
Madruga-Rimoli, C.C. ;
Colella-Santos, M.F. ;
Introdução: O teste de padrão de frequência (TPF) avalia a habilidade de ordenação temporal. O mecanismo neurofisiológico desta habilidade envolve a integridade de ambos os hemisférios cerebrais e sua conexão por meio do corpo caloso. Na literatura especializada ainda há escassez de estudos com a população brasileira nas diferentes versões disponibilizadas do TPF, sendo fundamental considerar dados normativos em diferentes populações, além de considerar a idade e o padrão tonal da língua materna. Objetivos: Propor dados normativos de duas versões do TPF, Auditec® e versão Musiek, na tarefa de rotulação linguística em crianças brasileiras com desenvolvimento típico, considerando a influência das variáveis idade, sexo e lado da orelha. Metodologia: Trata-se de estudo prospectivo, do tipo descritivo analítico e de corte transversal, desenvolvido em parceria com duas Escolas da Rede Pública de Ensino e o Laboratório de Audiologia da Instituição. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (nº2.294.609). As crianças autorizadas foram avaliadas no Laboratório de Audiologia e simultaneamente os professores responsáveis por cada aluno responderam a um questionário individual sobre o desempenho escolar. Os critérios de inclusão foram: desenvolvimento típico, falantes nativos do português brasileiro, sem treinamento musical formal, com audição periférica normal e desempenho dentro dos padrões de normalidade nas habilidades de integração binaural, figura-fundo e resolução temporal. Participaram do estudo 100 escolares. Os escolares foram divididos em dois grupos. O grupo I (GI) foi composto por 46 escolares na faixa etária entre 6 e 8 anos, média de idade de 7,72 anos. O grupo II (GII) por 54 escolares na faixa etária entre 9 e 12 anos, média de idade de 10,96. Para a coleta de dados aplicou-se a versão Auditec® para as crianças do GI e a versão Musiek para as crianças do GII. O teste foi aplicado na modalidade de rotulação linguística e calculou-se a porcentagem de acertos por orelha. Em ambas as versões a avaliação consistiu em 30 sequências de três combinações entre tons puros apresentadas monoauralmente, iniciadas pela orelha direita a um nível de 50dBNS. A ocorrência de inversão, omissão e inserção de tons na sequência apresentada foi considerado erro. Foi calculada a porcentagem de respostas corretas para cada orelha. Resultados: Os grupos foram homogêneos quanto à distribuição dos sexos. No GI verificou-se, a partir da análise multivariada de Regressão Linear que o sexo e a idade são variáveis que influenciam o desempenho no TPF. No sexo masculino, o desempenho médio mínimo das respostas corretas variou de 62,2% a 89,7% de acordo com a idade. No sexo feminino, o desempenho médio mínimo foi de 35,7% a 75,6%, com melhor desempenho nas crianças de 8 anos. No GII, não foram encontradas diferenças estatisticamente significantes em nenhuma das variáveis analisadas, com desempenho mínimo médio de 65%. Conclusão: Para a faixa etária entre 6 e 8 anos, recomenda-se que a influência do sexo e da idade seja considerada no critério de normalidade. No GII os resultados sugerem que o mínimo 65% de acertos sejam considerados como normalidade.
1- AUDITEC, Evaluation manual of pitch pattern sequence and duration pattern sequence. St. Louis: Auditec; 1997.
2- F.E. Musiek, Frequency (pitch) and duration patterns tests. J Am Acad Audiol. 5 (1994) 265-8.
3- T.J. Bellis TJ. Assessment and Management of Central Auditory Processing Disorders in the Educational Setting. From Science to Practice. San Diego, CA: Singular Publishing Group;1996.
4- E. Schochat, C.M. Rabelo, M.D. Sanfins, Processamento auditivo central: testes tonais de padrão de freqüência e de duração em indivíduos normais de 7 a 16 anos de idade, Pró-Fono R. Atual. Cient. 12 (2000) 1-7.
5- S.A. Balen, D.R. Moore, K. Sameshima. Pitch and Duration Pattern Sequence Tests in 7- to 11-Year-Old Children: Results Depend on Response Mode, J Am Acad Audiol. 30 (2019) 6–15. doi:10.3766/jaaa.16132.
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