Encontro Internacional de Audiologia

ANAIS - TRABALHOS CIENTÍFICOS

MISMATCH NEGATIVITY EM CRIANÇAS COM OTITE MÉDIA CRÔNICA NÃO COLESTEATOMATOSA
FERREIRA, D.A. ; BUENO, C.D. ; COSTA, S.S. ; SLEIFER, P. ;

Introdução: Crianças com otite média crônica não colesteatomatosa (OMCNC) tradicionalmente apresentam perda auditiva permanente que leva à estimulação inconsistente do sistema nervoso auditivo central que pode acarretar prejuízos no processamento auditivo central. O potencial evocado Mismatch Negativity (MMN) retrata uma resposta cerebral das habilidades de discriminação auditiva, memória auditiva e atenção involuntária de maneira objetiva e pode ser útil na população infantil. Objetivos: Analisar os resultados do MMN em crianças com OMCNC e compará-las com grupo controle. Metodologia: Estudo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, sob número 79348017.8.5334. Participaram do estudo 78 crianças de 7 a 11 anos, sendo 39 diagnosticadas com OMCNC provenientes de um ambulatório de referência em um hospital público do estado e 39 crianças sem histórico otológico advindas de escolas públicas, pareadas por sexo e idade. Todos os participantes realizaram avaliação audiológica periférica e potencial evocado auditivo de tronco encefálico (PEATE). Como critérios de inclusão para a realização do MMN, todos os participantes do grupo controle apresentaram padrões dentro da normalidade na avaliação auditiva e presença das ondas do PEATE com latências normais. As crianças com OMCNC apresentaram avaliação auditiva com limiares nas frequências de 500, 1000, 2000 e 4000 Hz de até 40dBNA. Para a execução do MMN, foi utilizado o equipamento Masbe ATC Plus da marca Contronic. Os eletrodos foram fixados nas posições Fz (eletrodo ativo), M1 e M2 (eletrodos referência) e na fronte (eletrodo terra). A intensidade utilizada foi de 80 dBNA com 1,8 estímulos por segundo. O estímulo frequente utilizado foi de 1.000Hz e o estímulo raro de 2.000Hz. Durante esse processo, as crianças foram orientadas a assistir a um vídeo silencioso no tablet, com a intenção de desviar a atenção dos estímulos auditivos. Previamente às análises, foi realizado o teste F para verificar se as amostras possuíam variâncias equivalentes. Assim, para comparação dos resultados entre os grupos foi utilizado o teste T-student com nível de significância de 5% (p<0,05). Resultados: A média da latência do MMN em crianças com OMCNC foi de 267,58ms (±76,51) na orelha direita (OD) e 267,47ms (±76,45) na orelha esquerda (OE). Com relação à amplitude, a média encontrada foi de 3,84µV na OD (±0,86) e 3,78 µV(±0,86) na OE. No grupo controle, a média da latência do MMN foi de 171,15 ms (±22,73) na OD e 175,69 ms (±31,90) na OE e amplitude de 3,68µV na OD (±0,87) e 3,74µV (±0,86) na OE. Houve diferença estatisticamente significativa nos valores de latência da orelha direita e esquerda (p=0,00) na comparação entre os grupos. Não foram observadas diferenças estatisticamente significativas em relação aos valores de amplitude entre crianças com e sem otite na orelha direita (p=0,42) e na orelha esquerda (p=0,85). Conclusão: Constatou-se que as crianças com OMCNC apresentaram valores de latência aumentados em relação às crianças sem alterações otológicas. O MMN mostrou-se relevante e promissor na avaliação de crianças com OMCNC. Assim, pode ser capaz de auxiliar no diagnóstico e reabilitação auditiva mais precoce.

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DADOS DE PUBLICAÇÃO
Página(s): p.244
ISSN 1983-1793X
https://audiologiabrasil.org.br/36eia/anais-trabalhos-consulta/244