DESENVOLVIMENTO DA AUDIÇÃO E LINGUAGEM DE BEBÊS COM SÍFILIS CONGÊNITA: ANÁLISE DE QUESTIONÁRIOS PARA MONITORAMENTO VIA TELECONSULTA SÍNCRONA
Silva, T. C. ;
Nascimento, L. J. P. ;
Cunha, B. K. S. ;
Lima, A. M. O. ;
Silva, A. P. ;
Câmara, L. L. P. ;
Silva, A. R. X. ;
Silva, B. O. ;
Santos, A. B. ;
Balen, S. A. ;
Introdução: No Brasil, observam-se taxas crescentes de incidência de sífilis congênita e taxas de mortalidade infantil e perinatal associadas à sífilis em todas as regiões. Bebês nascidos de mães com sorologia reativa para sífilis durante a gravidez têm apresentado maior risco de comprometimento do neurodesenvolvimento, independente da presença da infecção congênita, sendo indicado o seu monitoramento. No atual cenário de pandemia da SARS-CoV-2, o monitoramento desta população necessitou de novas estratégias, sendo a teleconsulta uma ferramenta útil juntamente com aplicação de questionários validados, direcionados aos pais, que permitem avaliar as habilidades auditivas e de linguagem a distância. Objetivo: Analisar o desempenho de bebês com sífilis congênita em dois questionários para monitoramento audiológico aplicados via teleconsulta síncrona. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob nº 4.684.404. A amostra foi constituída por 59 bebês de um a 24 meses, recrutados em maternidade públicas e avaliados no período entre julho de 2020 e maio de 2021. Estes bebês foram subdivididos em três grupos: G1: 8 bebês expostos à sífilis congênita; G2: 29 bebês com sífilis congênita e G3: 22 bebês do grupo controle. Foram aplicados com os responsáveis por meio de teleconsulta síncrona na Plataforma de Teleconsulta do Núcleo de Telessaúde do Estado dois questionários: a Escala de Desenvolvimento de Audição e Linguagem (EDAL-1) (0-24 meses) e o Questionário de Acompanhamento da Função Auditiva e de Linguagem (QAFAL) (0-12meses). As respostas dos responsáveis pelos bebês de cada grupo foram analisadas considerando "passa" os bebês que atingiram as pontuações para a idade estabelecida pela validação dos instrumentos e "falha" quando este desempenho foi abaixo. Resultados: Na amostra estudada 100% dos bebês do G1 e G2 e 95,23% do G3 passaram no QAFAL. Em relação ao EDAL-1 observou-se que 85,71% do G1, 95,45% do G2 e 87,50% do G3 passaram. Conclusões: Com base no exposto constatou-se que os bebês expostos à sífilis (G1) e com sífilis congênita (G2) apresentaram ocorrência de passa, nos questionários aplicados com seus responsáveis via teleconsulta síncrona semelhante ao grupo controle (G3). Aqueles que apresentaram desempenho abaixo do esperado foram encaminhados para uma nova teleconsulta e, confirmando a suspeita de algum atraso na audição e/ ou linguagem foram encaminhados para avaliação audiológica/fonoaudiológica presencial na Rede de Saúde do Sistema Único de Saúde.
1. Bezerra MLMB, Fernandes FECV, de Oliveira Nunes JP, de Araújo Baltar SLSM, Randau KP. Congenital Syphilis as a Measure of Maternal and Child Healthcare, Brazil. Emerg Infect Dis. 2019 Aug;25(8):1469-1476. doi: 10.3201/eid2508.180298. PMID: 31310223; PMCID: PMC6649332.
2. Verghese VP, Hendson L, Singh A, Guenette T, Gratrix J, Robinson JL. Early Childhood Neurodevelopmental Outcomes in Infants Exposed to Infectious Syphilis In Utero. Pediatr Infect Dis J. 2018 Jun;37(6):576-579. doi: 10.1097/INF.0000000000001842. PMID: 29189610.
3. Alvarenga, KF et al. Questionário para monitoramento do desenvolvimento auditivo e de linguagem no primeiro ano de vida. In: CoDAS. 2013;25(1):16-21.
4. Ribas A, Kochen AP. Brazilian scale of hearing and language development in children (EDAL-1) with cochlear implant and less than two years of hearing age. Int Tinnitus J. 2016 Jul 22;20(1):7-10. doi: 10.5935/0946-5448.20160002.
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