Encontro Internacional de Audiologia

ANAIS - TRABALHOS CIENTÍFICOS

SAÚDE AUDITIVA INFANTIL NO ESTADO DE SERGIPE
Duarte, J.L. ; Souza, M.V.A ; Vieira, G.S.P. ; Carregosa, A.M. ; Santos, S.C.C. ; Carlino, F.C ; Silva, K. ;

Introdução: As políticas públicas nacionais de saúde auditiva, têm proporcionado a identificação e o diagnóstico da perda auditiva cada vez mais precoce. Entretanto, existe a necessidade de estudos que demostrem a realidade dos programas de saude auditiva nas diferentes regiões do Brasil. Objetivo: realizar um panorama da oferta da saúde auditiva pelo SUS no estado Sergipe da triagem a reabilitação. Material e Método: estudo quantitativo, retrospectivo, transversal, de natureza analítica, desenvolvido pelo departamento de Fonoaudiologia da Universidade Federal de Sergipe (CAAE: 92530218.7.0000.5546/ nº 4.293.898). Foi realizada busca no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNESNet) a estabelecimentos com obstetrícia. Análise no DATASUS sobre a Triagem Auditiva Neonatal (TAN), diagnóstico e Concessão de Próteses Auditivas (CPA). Coleta de dados em dois estabelecimentos (Maternidade e Centro de referência em saúde auditiva - CRSA) acerca da estruturação e dos quantitativos do programa de saude auditiva. Entrevista por telefone a pais de crianças em terapia para verificar o tempo decorrido entre as etapas da TAN a terapia. Resultados: Os dados do CNESNet, mostraram 28 estabelecimentos que realizam a obstetrícia pelo SUS, destes somente 2 apresentam credenciamento para realizar a TAN, mas somente um realiza. O estado ainda dispõe de 2 centros de referência em saúde auditiva com habilitação para implante coclear e 2 Centros Especializados em Reabilitação (CER) que inclui a habilitação para a deficiência auditiva, mas ainda não ofertam vagas para este fim. Os dados do DATASUS demostraram taxa de adesão a TAN de 4.001 (14,6%); 6.066 (22,3%); 8.747 (31,8%); 8.876 (31,9%); 8.358 (32,5%); 8.885 (26,2%); 11.651 (34,0%); e, 8.745 (26,7%) para os anos de 2012 a 2019, respectivamente. Considerando os estabelecimentos, a TAN na maternidade é realizada somente com o procedimento Emissões Otoacústicas Evocadas (EOE), com cobertura de 67,7%, aumentado para 94,2% nos últimos meses; a taxa de neonatos com Indicadores de Risco para a Deficiência Auditiva (IRDA) que não realizou a TAN com Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico (PEATE) foi de 6,5%; e, a taxa de encaminhamento para o centro de referência para acompanhamento da função auditiva ou para diagnóstico audiológico foi de 0%. No CRSA a TAN é realizada somente com EOE, com agendamento para reteste de 14,0%, (1,3% para realizar TAN com PEATE devido a IRDA); taxa de encaminhamento para diagnóstico de 4,8% e para acompanhamento da função auditiva de 0,3%. O tempo médio em meses (±dp) para a realização de cada etapa, considerando o período de 2012 a atual, foi de 9,1(±7,5) para a TAN; 19,8(±11,3) para o diagnóstico; 28,9(±12,0) para a CPA e 26,9(±12,5) para o início da terapia. Conclusão: Sergipe possui uma rede de saúde auditiva com necessidade de ajustes para a articulação do paciente nos diferentes níveis de complexidade. A taxa de cobertura da TAN é inferior ao preconizado pelos órgãos competentes, demonstrado urgência em aumento do numero de estabelecimentos credenciados. O tempo decorrido entre a realização da TAN, diagnóstico e o inicio da reabilitação auditiva, não atende as determinações do ministério da saúde para o desenvolvimento pleno da função auditiva e de linguagem.

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DADOS DE PUBLICAÇÃO
Página(s): p.267
ISSN 1983-1793X
https://audiologiabrasil.org.br/36eia/anais-trabalhos-consulta/267