POTENCIAL EVOCADO AUDITIVO DE TRONCO ENCEFÁLICO EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM LEUCEMIA LINFOIDE AGUDA EM TRATAMENTO QUIMIOTERAPICO
Oliveira, L.G.R. ;
Vosgrau, J.S. ;
Neves-Lobo, I.F. ;
Matas, C.G. ;
Introdução: A Leucemia Linfóide Aguda (LLA) é um dos tipos de câncer infantil mais comuns, sendo também um dos tipos de câncer com maior taxa de sobrevida entre crianças e adolescentes. O tratamento mais eficaz e necessário para este tipo de câncer é a quimioterapia, apesar dos seus diversos efeitos colaterais. São diversos os estudos que verificaram o comprometimento auditivo em indivíduos que passam por tratamento quimioterápico, no entanto, alguns estudos indicam que além das ações ototóxicas, este tratamento também apresenta efeitos neurotóxicos, afetando tanto a cóclea como o sistema nervoso auditivo central. Por este motivo, o acompanhamento audiológico pós-quimioterapia se faz extremamente necessário, ainda mais considerando o fato de se tratar de uma população infantil. Acredita-se que a avaliação da via auditiva central em crianças submetidas ao tratamento quimioterápico possa auxiliar na identificação dos seus efeitos neurotóxicos e, assim, fornecer um diagnóstico mais preciso. O Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico (PEATE) tem se mostrado um método objetivo e eficaz na análise neurofisiológica do nervo auditivo até o tronco encefálico, podendo ser utilizado em crianças de qualquer faixa etária. Objetivo: O objetivo deste estudo foi analisar o PEATE em crianças e adolescentes com Leucemia Linfóide Aguda, em início de tratamento quimioterápico em um instituto público da cidade de São Paulo. Métodos: O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do da instituição sob o número 1.556.648/2016. O PEATE foi realizado em 24 crianças e adolescentes, sendo 11 do sexo masculino, 13 do sexo feminino, com idades entre 3 anos e 6 meses a 15 anos e 10 meses, com LLA e em tratamento quimioterápico. Os participantes realizaram previamente avaliação audiológica básica, incluindo medidas de imitância acústica, audiometria tonal e audiometria vocal. Resultados: Com relação à audiometria tonal, dos 24 participantes apenas 20 realizaram tal procedimento (em 4 crianças não foi possível realizar o condicionamento), sendo obtido 100% de resultados normais. Observou-se, também, 100% de resultados normais nas medidas de imitância acústica e audiometria vocal. Foram encontrados resultados alterados em 33,33% dos PEATE realizados, sendo que para a faixa etária de 2 a 6 anos a predominância foi de 60% para alteração de tronco encefálico baixo e, para a faixa etária de 7 a 18 anos, a predominância foi de 66,7% para alteração em tronco encefálico alto. Acredita-se que estudos longitudinais futuros auxiliariam para verificar possíveis efeitos progressivos da ototoxicidade e da neurotoxicidade. Conclusão: A partir dos dados analisados neste estudo podemos concluir que crianças e adolescentes em tratamento quimioterápico para Leucemia Linfóide Aguda podem apresentar alteração do PEATE, sugerindo comprometimento da via auditiva central. Sendo assim, medidas de identificação precoce, acompanhamento e de intervenção devem ser estabelecidas para esta população visando a melhoria na qualidade de vida.
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