AS ESTRATÉGIAS DE GRAVAÇÃO DOS ESTÍMULOS UTILIZADOS NOS TESTES PARA AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO MUSICAL E O DESEMPENHO DE USUÁRIOS DE IMPLANTE COCLEAR
Simões, P.N. ;
Romanelli, G. B. ;
Araújo, C.M. ;
Lüders, D. ;
Introdução: Pessoas com deficiência auditiva (DA) enfrentam inúmeros desafios que podem ser minimizados com o uso de aparelhos auditivos (AASI) e implantes cocleares (IC). Apesar dos avanços tecnológicos desses dispositivos auditivos auxiliares, a percepção musical ainda é difícil para esse público, que não aprecia a música de maneira satisfatória. Vários testes para avaliação da percepção musical de pessoas com DA foram desenvolvidos nas duas últimas décadas, com protocolos que variam quanto ao tipo de gravação dos estímulos musicais. Objetivo: Estabelecer a relação entre a estratégia de gravação dos estímulos sonoros utilizados nos testes para avaliação da percepção musical e o desempenho dos usuários de IC em comparação com grupos de ouvintes normais. Metodologia: Dezesseis estudos observacionais, publicados entre 2002 e 2019, integraram uma revisão sistemática que analisou protocolos de testes para avaliação da percepção musical em pessoas com DA, usuários ou não de dispositivos auditivos auxiliares. O uso de estímulos sonoros gravados com instrumentos reais ou digitalizados em testes validados, e em artigos que relatavam validação, foi destacado na extração de dados dos estudos incluídos. Os resultados apresentados pelos usuários de IC, em comparação ao grupo de ouvintes normais, para os subtestes de timbre e de melodia, com escores expressos por meio da média e do desvio padrão, foram utilizados para a condução de uma meta-análise. Resultados: As estimativas do efeito sumário para as variáveis de timbre e de melodia foram calculadas através da diferença entre médias (MD), comparando a porcentagem de acerto dos escores entre os usuários de IC e o grupo de ouvintes normais, para cada variável. O cálculo da heterogeneidade utilizou o index I2 e os Forest Plots foram gerados ao nível de significância estabelecido em 5%. Os resultados revelaram que o grupo de ouvintes normais obteve melhores escores de timbre, com diferença significativa (p <0,0001) e diferença média de 44,16 [IC 95%, 39,19 - 49,13%; I2 = 42%], entre os dois grupos. Nesse mesmo sentido, observou-se que o grupo de ouvintes normais obteve maior percentual de acertos para melodia (p <0,00001), com diferença média de 62,16 [IC 95%, 54,70 - 69,61%; I2 = 0%] entre os dois grupos. Conclusão: A meta-análise evidenciou que a percepção da melodia é mais difícil do que a percepção do timbre para usuários de IC, em comparação aos grupos de ouvintes normais, quando o tipo de estímulo apresentado nos testes varia entre sons de instrumentos reais e sons digitalizados. Portanto, é possível relacionar a diferença entre as pontuações dos grupos a esse fato, uma vez que o timbre foi avaliado a partir de gravações com instrumentos reais e os testes de melodia utilizaram amostras sonoras sintetizadas.
Palavras-chave: Implante coclear; timbre; melodia, meta-análise
1. Brockmeier, S. J., Fitzgerald, D., Searle, O., Fitzgerald, H., Grasmeder, M., Hilbig, S., Vermiere, K., Peterreins, M., Heydner, S., & Arnold, W. (2011). The music perception test: A novel battery for testing music perception of cochlear implant users. Cochlear Implants International, 12(1), 10–20. https://doi.org/10.1179/146701010X12677899497236
2. Jiam, N. T., Caldwell, M. T., & Limb, C. J. (2017). What Does Music Sound Like for a Cochlear Implant User? Otology and Neurotology, 38(8), e240–e247. https://doi.org/10.1097/MAO.0000000000001448
3. Prentiss, S. M., Friedland, D. R., Nash, J. J., & Runge, C. L. (2015). Differences in perception of musical stimuli among acoustic, electric, and combined modality listeners. Journal of the American Academy of Audiology, 26(5), 494–501. https://doi.org/10.3766/jaaa.14098
4. Sahli, S. A., Belgin, E., & Uys, M. (2019). A musical perception test for people with hearing loss: Turkish adaptation and normalization of the Music Perception Test (MPT). Nigerian Journal of Clinical Practice, 22(12), 1669–1674. https://doi.org/10.4103/njcp.njcp_279_19
5. Sorrentino, F., Gheller, F., Favaretto, N., Franz, L., Stocco, E., Brotto, D., & Bovo, R. (2020). Music perception in adult patients with cochlear implant. Hearing, Balance and Communication, 18(1), 3–7. https://doi.org/10.1080/21695717.2020.1719787
DADOS DE PUBLICAÇÃO