MÚSICA E AMPLIFICAÇÃO SONORA: O QUE DIZEM OS FONOAUDIÓLOGOS?
Souza, T.C. ;
Simões, P.N. ;
José, M. R. ;
Gonçalves, C. G. ;
Lüders, D. ;
Introdução: A música é um estímulo sonoro desafiador, pois envolve a percepção de todos os contornos acústicos e melódicos pelas vias auditivas periférica e central em seu processamento. Quando a perda auditiva compromete a percepção e a interpretação de estímulos auditivos, sejam eles de fala ou musicais, a adaptação de aparelhos de amplificação sonora individual é uma alternativa para amenizar seu impacto. Contudo, como esses dispositivos foram projetados para atender prioritariamente as necessidades referentes à inteligibilidade da fala, seu desempenho deixa a desejar no caso da percepção musical. Objetivo: Investigar as estratégias realizadas por fonoaudiólogos no processo de adaptação de aparelhos de amplificação sonora individual para atender às demandas auditivas de seus pacientes em relação à escuta e/ou prática musical. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo, transversal e de abordagem quantitativa, realizado com fonoaudiólogos que atuam na área de seleção e adaptação de AASI, há pelos menos um ano, no serviço público ou privado, em qualquer lugar do Brasil. A coleta de dados se deu por meio de um questionário eletrônico, estruturado na Plataforma Google Forms®, contendo 24 questões, sendo 21 fechadas (caixa de seleção ou escala Likert) e três questões abertas. O questionário destinou-se a coletar dados de identificação do fonoaudiólogo e da população atendida por ele; condutas do fonoaudiólogo realizadas no início do atendimento ao candidato ao uso de AASI, sobre as demandas musicais; condutas realizadas para seleção e programação do AASI em relação a essa demanda; acompanhamento do paciente quanto aos resultados da adaptação e a percepção do fonoaudiólogo em relação ao tema música e amplificação sonora. Resultados: Participaram deste estudo 38 fonoaudiólogos, sendo 94,7% do sexo feminino e 5,3% do sexo masculino, com idade entre 20 e 64 anos, e tempo de formação e/ou de atuação na área de indicação e adaptação de AASI de um a mais de 20 anos. Os fonoaudiólogos eram procedentes de oito estados, com maior prevalência do estado de São Paulo, sendo que 60,5% dos profissionais atendem somente na rede privada e a maioria dos pacientes atendidos são idosos. Dos 38 fonoaudiólogos, 47,4% investigam, na anamnese, as queixas em relação ao hábito de ouvir música e/ou tocar um instrumento, somente quando o próprio paciente aborda o assunto. Segundo os fonoaudiólogos, 52,6% de seus pacientes, às vezes, relatam queixas em relação a escuta musical. Conclusão: Segundo as respostas dos fonoaudiólogos que participaram da pesquisa, a maioria não investiga as queixas espontaneamente. Em maior ou menor ocorrência os pacientes atendidos por eles relatam queixa. Dos fonoaudiólogos que investigam os estilos musicais em que seus pacientes mais relatam dificuldades para escutar, sem e com AASI, está a música Clássica, que é de fato a mais difícil de ser entendida. As queixas persistem após adaptação do AASI. Todos os participantes referiram conhecer as diferenças e similaridades entre a música e fala.
Palavras-chaves: Perda auditiva; auxiliares de audição; percepção auditiva; música.
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