TELECONSULTA SÍNCRONA NO MONITORAMENTO AUDIOLÓGICO INFANTIL: APLICABILIDADE DE UM PROTOCOLO
Almeida, H.L.C. ;
Barros, V.V. ;
Cunha, B.K.S. ;
Silva, T.C. ;
Nascimento, L.J.P. ;
Nunes, A.D.S. ;
Balen, S.A. ;
Introdução: A perda auditiva causada por sífilis congênita pode impactar o desenvolvimento infantil. A pandemia de COVID-19 restringiu o monitoramento audiológico presencial necessário a essa população. A regulamentação da Telefonoaudiologia pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia, em 2020, possibilitou o uso da Teleconsulta para este fim. Objetivo: Verificar a aplicabilidade de um protocolo de teleconsulta síncrona no monitoramento audiológico de bebês de quatro a 13 meses com sífilis congênita. Metodologia: Estudo observacional com corte transversal, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (n.3.360.661). Foram convidadas 77 famílias vinculadas a um projeto longitudinal de seguimento auditivo e de linguagem nos dois primeiros anos de vida, constituindo dois grupos: bebês com sífilis congênita no Grupo Estudo (GE) e bebês sem indicador de risco para a deficiência auditiva no grupo controle (GC). O responsável pelo bebê foi cadastrado na plataforma de teleconsulta do Núcleo de Telessaúde do Estado, na qual foram realizadas as teleconsultas síncronas por dois fonoaudiólogos. A primeira etapa consistiu na aplicação dos checklists: "Questionário de acompanhamento da função auditiva e de linguagem” (QAFAL) e "Escala Brasileira de Desenvolvimento de Audição e Linguagem” (EDAL-1). Caso os checklists apresentassem pontuações abaixo do esperado era agendada a segunda etapa, com uma nova teleconsulta para aplicação do Early Listening Function (ELF) em português quando o risco era relacionado a audição e o Inventário MacArthur de Desenvolvimento Comunicativo caso houvesse risco relacionado à linguagem. Caso fosse identificado desempenho abaixo do esperado na segunda etapa, o bebê era encaminhado para avaliação presencial. Ao final de cada etapa os responsáveis receberam devolutiva e responderam a um questionário de satisfação do atendimento (0 a 5; totalmente satisfeito - nada satisfeito). Foram realizadas análises descritivas dos dados. Resultados: Participaram das teleconsultas 32 responsáveis, sendo 17 do GE e 15 do GC. O QAFAL foi aplicado em 29 sujeitos, pois três apresentaram idade superior a 12 meses. 100% das crianças do GE e 92,3% do GC apresentaram resultado “passa”. No EDAL-1, aplicado em toda a amostra, 94,12% apresentaram escores dentro do esperado para a idade no GE e 86,67% para o GC. Os sujeitos que obtiveram escores inferiores ao esperado para a idade no EDAL-1 prosseguiram em teleconsultas para investigação de possíveis alterações audiológicas, quando foi aplicado o ELF. Na avaliação do atendimento, 85,71% dos responsáveis deram nota cinco a teleconsulta e 7,14% nota três. Ao serem questionados se as expectativas de uma consulta online foram atendidas, 75% informaram estar totalmente satisfeitos e 7,14% nada satisfeitos. Todos informaram que participariam de uma nova teleconsulta e a recomendariam para amigos. Cerca de 30% apontaram a conexão com a internet como maior dificuldade. Conclusão: Foi observada aplicabilidade do protocolo de monitoramento audiológico proposto para a teleconsulta síncrona de bebês de quatro a 13 meses com sífilis congênita. Esta foi uma oportunidade de acompanhar o desenvolvimento das crianças, com boa aceitação por parte das famílias, podendo este protocolo ser expandido para o monitoramento audiológico de outros bebês com ou sem presença de outros indicadores de risco para a deficiência auditiva.
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