ASSOCIAÇÃO ENTRE GRAU DE SEVERIDADE E HIPERSENSIBILIDADE AUDITIVA EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA ATENDIDAS EM UM AMBULATÓRIO DE REFERÊNCIA
Crusius, J. S. ;
Lima, M. S. ;
Oliveira, N.F. ;
Riesgo, R. S. R. ;
Sleifer, P. ;
Introdução: O transtorno do espectro do autismo (TEA) é um distúrbio do desenvolvimento caracterizado por alterações na interação social, comunicação, comportamentos restritos/repetitivos e alterações sensoriais. A prevalência é de 13,4 a cada 1.000 crianças, sendo 4,5 vezes maior em meninos. Objetivo: Verificar possível associação entre grau de severidade de TEA e hipersensibilidade auditiva e realizar a caracterização da amostra de crianças e adolescentes com TEA atendidas em ambulatório de referência, de hospital universitário. Metodologia: É um estudo transversal, observacional e descritivo, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, sob número 77900517. Para a classificação do grau de severidade de TEA foi utilizado o Autism Screening Questionnaire (ASQ), um questionário que avalia a presença invasiva do desenvolvimento,fornecendo um auxílio diagnóstico baseado em itens de observação comportamental. Os indivíduos foram classificados em dois grupos de acordo com a pontuação obtida no ASQ, analisada pelo neuropediatra. Acima de 22 pontos foi considerada a severidade alta e abaixo, severidade baixa. Foi aplicado um questionário com os responsáveis, a fim de investigar dados gerais, idade do diagnóstico, desenvolvimento da linguagem, e principalmente, questões referentes a presença de sensibilidade auditiva e outras queixas auditivas. Para a análise estatística dos dados,utilizou-se o Statistical Package for the Social Sciences(SPSS), onde as variáveis contínuas foram medidas a partir de média e desvio padrão. Para verificar uma possível associação entre grau de severidade de TEA e presença de hipersensibilidade auditiva, calculou-se o risco relativo destas variáveis. Resultados: A amostra foi constituída de 89 crianças e adolescentes,de ambos os sexos,com diagnóstico de TEA, realizado pelo neuropediatra. Dessas 87,64% eram do sexo masculino e a média de idade foi 10,15 (DP ± 2,93) anos. Verificou-se que a média de idade da confirmação do diagnóstico foi de 3,75(DP ± 2,13) anos. Além disso, 68,53% possuíam queixa de linguagem e 80,89% apresentaram queixas de hipersensibilidade auditiva. Para verificar associação entre grau de severidade de TEA e presença de hipersensibilidade auditiva, realizou-se o cálculo do risco relativo neste grupo, onde o valor encontrado foi de 1,4 (IC 0,87-2,23). Conclusão: Verificou-se elevada prevalência da queixa de hipersensibilidade auditiva dos indivíduos incluídos no estudo, não havendo associação entre hipersensibilidade auditiva e severidade de TEA.
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