Encontro Internacional de Audiologia

ANAIS - TRABALHOS CIENTÍFICOS

ANÁLISE DOS LIMIARES AUDITIVOS OBTIDOS POR POTENCIAL EVOCADO AUDITIVO DE ESTADO ESTÁVEL E AUDIOMETRIA TONAL LIMIAR EM INDIVÍDUOS COM AUDIÇÃO NORMAL
Duarte, J. L. ; Garcia, T. M. ; Araújo, E. S. ; Costa, O.A ; Alvarenga, K. F. ;

Introdução: O Potencial Evocado Auditivo de Estado Estável (PEAEE) é um procedimento eletrofisiológico que vem sendo cada vez mais utilizado no diagnóstico audiológico infantil. Entretanto, existe a necessidade de estudos que demonstrem a relação dos limiares nos diferentes níveis de audição. Objetivo: verificar a correlação entre os limiares obtidos por Audiometria Tonal Limiar (ATL) e PEAEE em indivíduos com audição normal. Material e Métodos: Estudo transversal, observacional e analítico, realizado pelo departamento de Fonoaudiologia da Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (CEP FOB-USP protocolo n° 100/2005). A casuística foi composta por 24 indivíduos de ambos os gêneros, com idades entre 7 e 30 anos, sem queixas auditivas e neurológicas. Realizaram avaliação otorrinolaringologica e audiológica completa. A ATL foi realizada em cabina acústica com fones R-80 (ANSI-69). O PEAEE foi realizado com estimulação dicótica múltipla, fones de inserção 3A, eletrodos posicionados em Fz, Oz e Fpz. Foram pesquisados os limiares nas frequências de 0,5; 1; 2 e 4 kHz, com modulação de amplitude (100%) e frequência (20%) a uma taxa de 69-110 Hz para o PEAEE. A análise da resposta foi baseada nas recomendações do fabricante (Bio-logic Systems Corp., 2004) e literatura (John et al., 2004). Para a comparação entre os dois métodos foram utilizados inicialmente os limiares brutos do PEAEE e posteriormente aplicada a correção de -10 dB sugerida pelo equipamento MASTER. Foram utilizados os testes T Student pareado para comparação entre as orelhas e a diferença média dos limiares por frequência na ATL e PEAEE e Correlação Linear de Pearson para verificar correlação entre limiares para ATL e PEAEE. Resultados: Não houve diferença significativa entre as orelhas para todas as variáveis (p>0,05). Todas as demais análises foram realizadas considerando 48 orelhas. Para os limiares brutos, considerando as frequências de 0,5; 1; 2 e 4 kHz, respectivamente, a média (±DP) foi 4.27 (±4.12), 2.81 (±3.71), 1.88 (±3.52) e 3.23 (±4.55) para ATL e 30.5 (±11.4), 21.9 (±10.3), 17.0 (±7.05) e 21.6 (±9.74) para PEAEE; a diferença média entre os dois procedimentos foi de 26.3 (±1.59), 19.1 (±1.39), 15.1 (±1.00) e 18.3 (±1.37), com significância para todas as frequências (p<0,01); e, o valor de r e p para a correlação entre ATL e PEAEE foi 0,26 e 0,08; 0,36 e 0,01; 0,28 e 0,06; e, 0,29 e 0,04, demostrando significância para 1 e 4 kHz, porém com fraca correlação. Para os limiares corrigidos a média (±DP) dos limiares do PEAEE foi 22.8 (±11.2), 14.0 (±10.9), 9.06 (±7.63) e 13.6 (±9.83); a diferença média entre os dois procedimentos foi de 18.54 (±1.70), 11.15 (±1.56), 7.19 (±1.16) e 10.42 (±1.46), com significância para todas as frequências (p<0,01); e, o valor de r e p para a correlação entre ATL e PEAEE foi de 0,04 e 0,76; 0,19 e 0,19; 0,11 e 0,47; e, 0,16 e 0,28, não demostrando correlação entre os limiares nos dois procedimentos. Conclusão: Conclui-se que em indivíduos com audição normal os limiares obtidos por PEAEE não é capaz de predizer os limiares psicoacústicos.

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DADOS DE PUBLICAÇÃO
Página(s): p.300
ISSN 1983-1793X
https://audiologiabrasil.org.br/36eia/anais-trabalhos-consulta/300