Encontro Internacional de Audiologia

ANAIS - TRABALHOS CIENTÍFICOS

ESTUDO SOBRE A EXPOSIÇÃO A NÍVEIS DE PRESSÃO SONORA E QUEIXAS AUDITIVAS DE RITMISTAS DA BATERIA DE UMA ESCOLA DE SAMBA DE SANTA CATARINA
Padilha, AM ; Ghirardi, A.C.A.M ; Scharlach, R.C. ;

Introdução: O carnaval é considerado como uma antiga tradição, sendo que as escolas de samba nasceram como uma forma de resistência social por um histórico marcado por discriminação racial e social. O desfile das escolas de samba, hoje, é considerado como o maior evento de exportação brasileira, o que trouxe para o Brasil o título de “País do Carnaval”. É na bateria das escolas de samba, caracterizada como um dos elementos mais importantes do espetáculo, que bate o coração da escola. A audição humana é essencial e uma das principais vias para o indivíduo interagir com a sociedade. O ruído não prejudica somente a audição, implica também em alterações extra auditivas, como por exemplo transtorno vascular, estresse, fadiga, nervosismo, dificuldade em convívio social, entre outras. Objetivo: Analisar a ocorrência de sintomas auditivos nos integrantes de bateria de uma Escola de Samba de Santa Catarina e, caracterizar os hábitos auditivos e a exposição sonora dos ritmistas da bateria durante os ensaios. Metodologia: Estudo descritivo, analítico de delineamento transversal, realizado com ritmistas da bateria de uma escola de samba de Santa Catarina. A pesquisa foi realizada em duas etapas, sendo a primeira a realização da mensuração dos níveis de pressão sonora aos quais os ritmistas ficaram expostos durante sete ensaios. A medida foi realizada por meio do aplicativo do sistema operacional iOS, NIOSH SLM (National Institute for Occupational Safety and Health Sound Level Meter), instalado no celular de um dos pesquisadores, sem o uso de microfone externo. A segunda etapa da pesquisa consistiu na aplicação de um questionário, desenvolvido pelos pesquisadores, contendo 21 perguntas (seis abertas e 15 fechadas) relacionadas a dados sociodemográficos, saúde, hábitos auditivos, sintomas vocais e auditivos, tempo de participação dos ritmistas na bateria, posição dos mesmos na organização da bateria. A presente pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o protocolo CAAE 26196819.2.0000.0121 e, antes de responder o questionário os participantes leram e concordaram com o termo de consentimento livre e esclarecido. Os dados coletados passaram por uma análise estatística descritiva. Resultados: Dos 43 participantes, 13 eram do sexo feminino e 30 do sexo masculino com idade mínima de 18 e o máxima de 50 anos, com média etária de 27 anos. Os níveis de pressão sonora equivalentes aos quais os participantes ficaram expostos nos sete ensaios variaram de 101,9 a 113,5dBA, sendo que estes tiveram duração média de 84 minutos. Os ritmistas apresentaram maior ocorrência de sintomas auditivos logo após os ensaios, sugerindo uma possível mudança temporária do limiar. Os sintomas de maior ocorrência foram: dificuldades para entender a fala no ruído, zumbido e sensação de ouvido tampado. Verificou-se que 39,56% dos participantes acreditam que fazer parte da bateria pode prejudicar a audição, no entanto 93% da amostra não faz uso de protetores auriculares. Conclusões: Os ritmistas da bateria estão expostos a níveis de pressão sonora elevados e perigosos para a saúde auditiva. Há necessidade da realização de ações para conscientização desses ritmistas sobre os sinais e sintomas da perda auditiva.

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2. Mendes MH, Morata TC. Exposição profissional à música: uma revisão. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2007; 12(1): 63-9. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-80342007000100012&lng=pt. https://doi.org/10.1590/S1516-80342007000100012.

3. Andrade AIA, Russo ICP, Lima MLLT, Oliveira LCS. Avaliação auditiva em músicos de frevo e maracatu. Rev Bras Otorrinolaringol. 2002; 68( 5 ): 714-20. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-72992002000500018&lng=pt. https://doi.org/10.1590/S0034-72992002000500018.

4. Pfeiffer M, Rocha RLO, Oliveira FR, Frota S. Intercorrência audiológica em músicas após um show de rock. Rev CEFAC. 2007; 9( 3 ): 423-9. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462007000300017&lng=pt. https://doi.org/10.1590/S1516-18462007000300017.

5. Verbeek JH, Kateman E, Morata T, Dreschler W,Mischke C. Efetividade das intervenções para prevenção de perdas auditivas ocupacionais induzidas por ruído: Uma revisão sistemática Cochrane. In: Boéchat EM, et al. Tratado de Audiologia. 2. ed. São Paulo: Santos Editora; 2015. p.211-23.
DADOS DE PUBLICAÇÃO
Página(s): p.320
ISSN 1983-1793X
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