COMPARAÇÃO DOS PROCEDIMENTOS DE TRIAGEM AUDITIVA NO INÍCIO DO MONITORAMENTO AUDIOLÓGICO DE CRIANÇAS EXPOSTAS AO VÍRUS ZIKA.
Martins, A.B.N. ;
Araújo, F.C.M. ;
Introdução: O vírus Zika (VZIKA) é um flavivírus com sintomatologia semelhante aos vírus da dengue e chikungunya e também transmitido pelo mosquito Aedes aegypti. Após a confirmação do primeiro caso, no Brasil, em 2015, a maior prevalência foi registrada na região Nordeste do país. Tem sido apontado como uma das características da Síndrome Congênita do Vírus Zika (SCZ), a perda auditiva, sendo a síndrome considerada um Indicador de Risco para Deficiência Auditiva (IRDA) desde 2016. A Triagem Auditiva Neonatal (TAN) é realizada para identificação de risco de perda auditiva em crianças até o primeiro mês de vida, sendo indicado o Potencial Evocado Auditivo do Tronco encefálico automático (PEATE-a) na presença de IRDA e as emissões otoacústicas (EOA) em bebês de baixo risco. No entanto, as EOAT e o PEATE-a também podem ser utilizados como procedimentos de triagem auditiva, norteando decisões clínicas, tendo sua análise e interpretação adequadas às faixas etárias avaliadas. Objetivo: Caracterizar os achados do monitoramento quanto ao início e os resultados da triagem auditiva, comparando os resultados das emissões otoacústicas com os do potencial evocado auditivo do tronco encefálico automático em crianças expostas ao vírus Zika. Metodologia: O estudo é do tipo descritivo, observacional, transversal, com aprovação no comitê de ética em pesquisa sob parecer de número 1.043.558. Foram coletados dados de 41 pacientes encaminhados de uma maternidade escola, entre 2015 e 2019. Os critérios de seleção foram: a) crianças nascidas com microcefalia, b) a mãe tenha apresentado histórico de contaminação pelo VZIKA durante a gestação e c) que não apresentaram má formação de orelhas. Foram coletados dados do primeiro atendimento: anamnese e triagem auditiva. No monitoramento como primeira etapa da avaliação utilizou-se os procedimentos de EOAT e o PEATE-a, no modo triagem, com o equipamento automático Aaccuscreen da Madsen. Os resultados e informações foram tabuladas em uma planilha do Excel e realizada estatística descritiva. Resultados: das 41 crianças, 21 eram do gênero masculino, com idade entre 0 e 4 anos, sendo: 14,6% (n=6) de 0 a 3 meses,26,8% (n=11) de 4 a 6 meses, 21,9% (n=9) de 7 a 12 meses e 36,5% (15) maiores de 1 ano). Em 17 crianças não foi possível realizar a TA. Das 24 que realizaram, 100% foram avaliadas com as EOAT e 41,7% fizeram também o PEATE-a. Obteve-se um resultado de falha em 41,7% com uso das EOAT e em 30% com PEATE-a. Conclusões: O início do monitoramento no VZIKA tem ocorrido tardiamente. A idade e a condição clínica podem dificultar a conclusão das avaliações, sendo os procedimentos de triagem norteadores nas decisões clínicas no início do diagnóstico auditivo. Uma maior falha, principalmente com as EOAT, pode estar associada a questões condutivas. Um alto risco para alterações auditivas, permanentes ou temporárias, se mantém para esta população.
Ventura CV, Maia M, Ventura B V, Van Der Linden V, Araújo EB, Ramos RC, et al. Ophthalmological findings in infants with microcephaly and presumable intra-uterus Zika virus infection. Arq Bras Oftalmol. 2016;79(1):1–3.
2. Vasconcelos PFC. Doença pelo vírus Zika: um novo problema emergente nas Américas? Rev Pan-Amazônica Saúde. 2015;6(2):9–10.
Ministério da Saúde. Microcefalia: causas, sintomas, tratamento e prevenção [Internet]. [cited 2020 Apr 20]. Available from: https://saude.gov.br/saude-de-a-z/microcefalia
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Diretrizes de Atenção da Triagem Auditiva Neonatal. Bibl do Minist da Saude do Bras. 2012;32:638.
Busa J, Harrison J, Chappell J, Yoshinaga-Itano C, Grimes A, Brookhouser PE, et al. Year 2007 position statement: Principles and guidelines for early hearing detection and intervention programs. Pediatrics. 2007;120(4):898–921.
BRASIL. Protocolo de Vigilância e resposta à ocorrência de Microcefalia e/ou Alteraçõe do sistema nervoso central central (SNC) - emergência de saúde pública de importância internacional - ESPII. 2a edição - 10/03/2016. 2016;55–55.
DADOS DE PUBLICAÇÃO