ANÁLISE DA EXPOSIÇÃO À FUMAÇA AMBIENTAL DO TABACO EM ESCOLARES
Marques, I.T.P. ;
Lima, C.A.D. ;
Durante, A.S. ;
Introdução: A Organização Mundial da Saúde considera o tabagismo a maior causa de morte evitável do mundo. No Brasil, em 2019, os dados da Pesquisa Nacional de Saúde do IBGE apontam o percentual total de adultos fumantes em 12,6 %, revelando uma tendência de queda de 46% no período. No entanto, ao longo da pandemia da Covid-19, estudos apontam que os hábitos de vida da população mundial se modificaram, com interferência de níveis aumentados de estresse, ansiedade, depressão, assim como o aumento do consumo de tabaco. Por definição, temos que o tabagista passivo é o indivíduo não fumante que inala a fumaça dos derivados do tabaco em ambientes fechados de um indivíduo fumante. A exposição à fumaça ambiental do tabaco (EFAT) tem sido associado a consequências adversas à saúde. O fumante passivo recebe cinquenta vezes mais substâncias cancerígenas, três vezes mais nicotina e três vezes mais monóxido de carbono do que o fumante ativo, que teve a fumaça filtrada pelo filtro do cigarro. Crianças passivas ao tabagismo além dos efeitos causados pela poluição ambiental, como irritação nos olhos, tosse e maior risco de doenças respiratórias, podem ter maior ocorrência de resfriados e infecções de ouvido médio. Objetivo: Caracterizar o perfil da EFAT em escolares de uma escola pública em São Paulo por meio de questionário durante a pandemia da Covid-19. Método: Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da instituição (2.540.495). Participaram do estudo os responsáveis por estudantes de uma escola estadual de ensino fundamental localizada na região central de São Paulo. Por conta da dificuldade de comunicação com os pais durante a quarentena, enviou-se por meio da escola, cartas de apresentação do projeto contendo ao final uma autorização de participação do filho. Além disso, com a ajuda dos professores, o questionário on-line foi enviado por WhatsApp nos grupos de pais, visando caracterizar os hábitos de EFAT, desde a gestação da criança até o momento atual, destacando o ambiente domiciliar antes e durante a pandemia. Resultados: Foram enviados um total de 540 questionários on-line, no entanto houve apenas 33 respostas de responsáveis pelos escolares de 6 a 12 anos. Ficou evidenciada a EFAT em 48,5% da amostra estudada. Assim, dezesseis escolares foram classificados como grupo estudo com EFAT (GE), e dezessete escolares como grupo controle sem EFAT (GC). No GE, 21,21% (7) das mães e 24,24% (8) dos pais relataram terem fumado durante o período gestacional. Seis (18,2%) responsáveis relataram fumar de 2 a 5 cigarros/dia; 9,09% (3) dos responsáveis 10 cigarros/dia; e 3,03% (1) dos responsáveis 20 cigarros/dia. Cinco (15,15%) responsáveis relataram terem sentido mais vontade de fumar durante a pandemia. Conclusão: Embora a amostra do estudo seja pequena a porcentagem de crianças com EFAT foi expressiva. É um alerta de que o aumento no hábito de fumar revelado pelas pesquisas nesta fase de pandemia parece também estar em evidência nessa população, tendo como consequência o aumento de crianças com exposição passiva ao fumo no ambiente domiciliar.
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