Encontro Internacional de Audiologia

ANAIS - TRABALHOS CIENTÍFICOS

IMPACTOS DA PANDEMIA DE COVID-19 NA REALIZAÇÃO DA TRIAGEM AUDITIVA NEONATAL EM UM CENTRO ESPECIALIZADO EM REABILITAÇÃO .
Varela, F. V. C. ; Silva, N. S. ; Santos, M. F. P. ; Campos, L. G. N. ; Santos, C. A. D. ; Carvalho, A. B. ; Araújo, F. C. M. ;

INTRODUÇÃO: A Triagem Auditiva Neonatal (TAN) é direito garantido pela Lei Federal nº 12.303 desde 2010, que objetiva a identificação precoce da deficiência auditiva em recém-nascidos (RN), possibilitando que o diagnóstico e intervenções necessárias sejam iniciados antes dos seis meses de vida. Deve ser realizada preferencialmente nas primeiras 48 horas de vida ou em até um mês, através dos exames de Emissões Otoacústicas (EOA) ou Potenciais Evocados Auditivos de Tronco Encefálico (PEATE). Caso haja impedimentos de realização da TAN na maternidade, os RN devem ser encaminhados para serviço de referência responsável pelo follow-up na rede. Assim, um Centro Especializado em Reabilitação (CER), oferece suporte à maternidade do município local na realização da TAN e recebe demandas de diagnóstico e reabilitação auditiva da rede de usuários da sétima região de saúde. Devido a pandemia de COVID-19, declarada pela Organização Mundial de Saúde em março/2020, as atividades deste CER foram interrompidas, gerando uma janela de tempo sem atendimentos de audiologia, incluindo a TAN. O retorno foi gradual e devido às medidas de isolamento social necessárias para conter a disseminação do vírus, acarretou em espaçamento dos atendimentos. OBJETIVOS: Descrever o impacto causado pela pandemia da COVID-19 em um serviço de triagem auditiva neonatal. METODOLOGIA: Foi realizada uma pesquisa descritiva, observacional e transversal, que analisou o banco de dados do serviço de triagem auditiva de um CER. Foram coletados e analisados dados de triagens realizadas entre agosto/2020 a junho/2021. Este estudo foi aprovado pelo comitê de ética da instituição sob número 4.683.409. RESULTADOS: De agosto/2020 a junho/2021 foram realizadas 385 TAN em crianças, de ambos os gêneros, com ou sem presença de indicador de risco para deficiência auditiva (IRDA), que chegaram ao serviço pela primeira vez. Destas, 48 RN (12,5%) tinham entre 11 e 29 dias de vida, 113 (29,3%) um mês, 89 (23,1%) dois meses, 53 (13,7%) três meses, 34 (8,8%) quatro meses, 25 (6,5%) cinco meses e 23 (5,9%) seis meses de vida. Sendo assim, foi observado que 224 (58,1%) crianças realizaram a primeira avaliação auditiva após o primeiro mês de vida. Dentre as crianças que realizaram a TAN dentro do primeiro mês, em caso de necessidade de reteste pela presença de IRDA, 70,2% estariam com o tempo de conclusão da triagem comprometido. Além da suspensão temporária dos atendimentos, outros fatores podem ter contribuído para atrasar a chegada dos RN ao serviço, como a suspensão das atividades na Atenção Primária e a realocação dos profissionais nos serviços hospitalares para cumprir as demandas da pandemia. Assim, observamos que, para além do impacto local, a pandemia trouxe prejuízos na articulação da rede de atenção à saúde da pessoa com deficiência, relacionado ao fluxo de saúde auditiva. CONCLUSÃO: Portanto, a situação de pandemia impactou no tempo de realização da triagem auditiva, acarretando uma baixa cobertura e atraso na avaliação auditiva, gerando impactos relacionados à detecção tardia de alterações auditivas.

Brasil. Ministério da Saúde (MS). Diretrizes de atenção da triagem auditiva neonatal Brasília: MS; 2012. Disponível em: Acesso em: 08 de jun de 2021.

CONSELHO FEDERAL DE FONOAUDIOLOGIA (CFF). Triagem Auditiva Neonatal Universal (TANU): implantação com ética, técnica e responsabilidade. 2019. Disponível em: Acesso em: 08 de jun de 2021.

Folha informativa Covid-19 - Escritório da OPAS e da OMS no Brasil. OPAS, 2021. Disponível em: Acesso em: 11 de janeiro de 2021.

Joint Committee on Infant Hearing. Year 2019 Position Statement: Principles and Guidelines for Early Hearing Detection and Intervention Programs. The Journal of Early Hearing Detection and Intervention 2019; 4(2): 1–44.
DADOS DE PUBLICAÇÃO
Página(s): p.330
ISSN 1983-1793X
https://audiologiabrasil.org.br/36eia/anais-trabalhos-consulta/330