ADAPTAÇÃO DE DISPOSITIVOS AUDITIVOS E A ACLIMATIZAÇÃO NEURAL EM NOVOS USUÁRIOS DE AASIS: ESTUDO DE CASOADAPTAÇÃO DE DISPOSITIVOS AUDITIVOS E A ACLIMATIZAÇÃO NEURAL EM NOVOS USUÁRIOS DE AASIS: ESTUDO DE CASO
Ferreira, MCM ;
Novaes, BC ;
Adaptação de dispositivos auditivos e a aclimatização neural em novos usuários de AASIs: Estudo de Caso
Introdução: A aclimatização auditiva há décadas é interesse de pesquisadores que trabalham com a reabilitação (Gatehouse, 1993; Wright & Gagné, 2020), sendo a indicação de dispositivos auditivos a primeira etapa deste processo clínico. Um período de adaptação e acomodação auditiva para o uso efetivo em novos usuários é fundamental. O uso frequente dos dispositivos é o que leva a aclimatização (Wright & Gagné, 2020). Porém, o uso efetivo e por no mínimo 10hs/dia, ideal para neuroplasticidade (Glick & Sharma, 2020), só é possível com amplificação confortável. O que é melhor: o ganho prescrito ideal na seleção dos AASIs ou garantir audibilidade após a acomodação auditiva? Como a acomodação poderia ser acompanhada de forma consciente? Objetivo: Avaliar a contribuição do aumento gradual do ganho dos AASIs como estratégia de aclimatização auditiva. Método: Apresentar resultados de progressão de inteligibilidade de fala através de listas de monossílabos em campo livre à 0 azimute à 65dBNA e do Speech Intelligibility Index – SII, com estímulo de fala ISTS à 65dB. A paciente (88 anos) foi acompanhada por 6 meses e realizados 5 encontros. No primeiro foi adaptado um AASI de modelo RIC e olivas abertas. O paciente sentiu desconforto no ajuste inicial com a amplificação. Sendo assim, diminuímos o ganho geral até o melhor conforto referido e sugerimos uso diário e acompanhamentos para aumento gradual do ganho. Resultados: Após 1 mês, na segunda sessão, observamos adesão ao tratamento e uso maior de 10hs/dia. Foi possível aumentar o ganho acústico e o resultado foi de 56% sem e 88% com AASIs. Observamos aproveitamento com AASIs apesar das respostas na verificação com microfone sonda estarem ainda abaixo do target prescrito. Sugerimos 2 meses de uso. Na terceira sessão, aumentamos o ganho até o nível de melhor conforto referido pelo paciente e realizamos o Mapeamento de Fala, apresentando os seguintes resultados: OD sem AASIs 32% e com AASIs 48%; OE sem AASIs 48% e com AASIs 58%. Foi sugerido retorno em 2 meses. Na quarta sessão (5 meses de uso), foi possível fazer um aumento de ganho sutil. No teste de fala para monossílabos observamos os seguintes resultados: Sem AASIs 56% e com AASIs 100%. Sugerimos 1 mês de uso. Na quinta sessão (6 meses de uso) o paciente apresentou algumas dificuldades para os sons mais distantes. Na verificação com microfone sonda observamos respostas mais próximas ao target, com exceção dos sons para entrada de 55dB. Fizemos um ajuste fino de aumento de ganho somente para os sons fracos. Os resultados do SSI foram de: OD sem AASIs 28% e com AASI 74%; OE sem AASI 48% e com AASI 72%. Conclusão: O aumento progressivo e consciente do ganho acústico do AASI em um novo usuário mostrou-se uma boa estratégia clínico terapêutica durante o período de acomodação. Houve melhora progressiva nos resultados do SII e na percepção de fala, garantindo melhor audibilidade com conforto após o período de aclimatização auditiva.
Gatehouse S. (1993). Role of perceptual acclimatization in the selection of frequency responses for hearing aids. J Am Acad Audiol, 4, 296-306.
Habicht et al. (2017). Auditory Acclimatization to bilateral hearing aids: Effects on sentence-in-noise processing times and speech-evoked potentials. Ear and Hearing, vol 39, n.1, 161-171.
Rallapalli et al. (2019). Quantifying the range of signal modification in clinically fit hearing aids. Ear and Hearing, vol 41, n.2, 433-441.
Glick HA; Sharma A. (2020). Cortical Neuroplasticity and cognitive function in early-stage, mild-moderate hearing loss: evidence of neurocognitive benefit from hearing aid use. Frontiers in Neuroscience, vol 14, article 93, 1-21.
Wright D; Gagné JP. (2020). Acclimatization to Hearing Aids by Older Adults. Ear and Hearing, vol 2, n.1, 193-205.
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