PERCEPÇÃO DO ZUMBIDO E SUAS REPERCUSSÕES EM PESSOAS CONTAMINADAS PELO NOVO CORONAVÍRUS
Ferreira, R. J. S. ;
Barboza, H N. ;
Paiva, S. F. ;
Araújo, A. L. L. S. ;
Rosa, M. R. D. ;
Durante o último ano, diferentes estudos apontam uma relação entre o novo coronavírus e o aparecimento e/ou agravamento de sintomas audiovestibulares, em especial para o zumbido1. A relação entre entre a contaminação e o sintoma auditivo pode ser explicada pelo fato de infecções virais serem danosas ao sistema auditivo. Além da infecção viral, o uso de medicamentos ototóxicos potencializado pelo estresse peri-traumático e o medo, podem aumentar a percepção deste sintoma durante a recuperação destas pessoas. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi verificar a prevalência e as repercussões do zumbido em pessoas que testaram positivo para SARS-COV-2. Trata-se de um estudo preliminar de caráter observacional, aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa sob parecer de número 4.297.779, realizada por meio de autorrelato via formulário virtual. Foram levantados dados sociodemográficos, informações sobre a percepção de gravidade do zumbido por meio do instrumento Tinnitus Handicap Inventory (THI)2 em pessoas comprovadamente infectadas pelo novo coronavírus e contou com 46 participantes voluntários. Os dados analisados com o software SPSS versão 22.0. revelaram que 33 (71,7%) dos participantes declaram sexo feminino e 13 (28,3%) masculino e 40 (87%) destes referiram algum grau de impacto do zumbido. Sobre o incômodo 28 (60.9%) consideraram seu zumbido moderado a severo, 36 (90%) relatam dificuldades de concentração e irritabilidade e 28 (70%), afirmaram que o zumbido atrapalha suas relações sociais. Destaca-se que 22 (55%) dos participantes referem desespero e 28 (70%) destes relatam frustração diante da presença do zumbido. O zumbido também se relaciona com o estresse do panorama atual que, agravado pelo covid-19 pode afetar diretamente a população, principalmente as pessoas com zumbido3. Nesta pesquisa verificamos que 32 (80%) dos entrevistados relataram piora deste sintoma em situações estressoras. Destaca-se que a ocorrência do zumbido e agravamento do sintoma COVID-19 em grande parte da população estudada. Além do impacto emocional negativo da população com zumbido associado a pandemia, uma vez que além de componentes fisiológicos, este novo cenário pode desencadear sintomas como medo, ansiedade e insegurança4, os quais podem impactar na piora da percepção deste sintoma auditivo. O atual cenário pandêmico é desafiador e seus futuros desdobramentos ainda incertos, entretanto, se faz necessário o desenvolvimento de estratégias para minimização, tratamento e acompanhamento da população com zumbido desenvolvido e/ou agravado pós infecção pelo Coronavírus, visto que esta apresenta crescimento constante e significativo impacto na saúde física e mental dos indivíduos.
1- Almufarrij I, Munro KJ. One year on: an updated systematic review of SARS-CoV-2, COVID-19 and audio-vestibular symptoms. International Journal of Audiology. 2021 Mar 2:1-1.
2- Newman CW, Jacobson GP, Spitzer JB. Development of the tinnitus handicap inventory. Archives of Otolaryngology–Head & Neck Surgery. 1996 Feb 1;122(2):143-8.
3- Schlee W, Hølleland S, Bulla J, Simoes J, Neff P, Schoisswohl S, Woelflick S, Schecklmann M, Schiller A, Staudinger S, Probst T. The effect of environmental stressors on tinnitus: a prospective longitudinal study on the impact of the COVID-19 pandemic. Journal of clinical medicine. 2020 Sep;9(9):2756.
4- Canet-Juric L, Andrés ML, Del Valle M, López-Morales H, Poó F, Galli JI, Yerro M, Urquijo S. A longitudinal study on the emotional impact cause by the COVID-19 pandemic quarantine on general population. Frontiers in Psychology. 2020 Sep 18;11:2431.
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