SENSIBILIDADE E ESPECIFICIDADE DO FREQUENCY FOLLOWING RESPONSE E DO POTENCIAL EVOCADO AUDITIVO DE MÉDIA LATÊNCIA EM ADULTOS JOVENS COM ALTERAÇÕES NAS HABILIDADES AUDITIVAS
Moreira, H.G. ;
Malavolta, V.C. ;
Sanfins, M.D. ;
Moura, A.F. ;
Schumacher, C.G. ;
Mundt, A.A. ;
LIMA, S.S. ;
Betti, T. ;
Garcia, M.V. ;
Introdução: O Transtorno do Processamento Auditivo Central é caracterizado como uma dificuldade no processamento da informação auditiva. Para avaliação do processamento auditivo central(PAC) utiliza-se testes comportamentais e eletrofisiológicos. Dentre os testes eletrofisiológicos encontram-se o Frequency Following Response(FFR) e o Potencial Evocado Auditivo de Média Latência(PEAML). Objetivo: Analisar os componentes do FFR e do PEAML, verificando a sensibilidade e a especificidade desses na avaliação do PAC em jovens adultos com alterações em habilidades auditivas. Métodos: Estudo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o número 23081.019037/2017-19. Para composição da amostra foram selecionados indivíduos de ambos os sexos de 18 a 34 anos(média de 22,64 anos), sendo submetidos à Inspeção Visual do Meato Acústico Externo, Audiometria Tonal Liminar, Medidas de Imitância Acústica, Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico-Neurodiagnóstico, necessitando normalidade nestes achados. Para compor os grupos amostrais(G1 e G2), foi realizado o Teste Dicótico de Dígitos(TDD) na etapa de integração binaural e o Randon Gap Detection Test(RGDT) adotando como normalidade valores superiores a 95% nas duas orelhas para o TDD e inferiores a 9,51ms no RGDT. Com isso, no G1 os indivíduos apresentavam normalidade e no G2 alteração em um ou nos dois testes, indicando alteração nas habilidades auditivas de resolução temporal ou integração binaural. Para análise de sensibilidade e especificidade foi utilizada uma tabela de contingência para cada exame e os parâmetros foram calculados da seguinte forma: sensibilidade=100x[a/(a+c)] e especificidade=100x[d/(d+b)]. Resultados: Ao analisar os componentes do FFR o G1 apresentou latência média de 6,31ms e G2 7,28ms(p=0,03) para onda V. Para a onda A o G1 apresentou latência média de 7,89ms e G2 8,38ms(p=0,03), representando tempos maiores de sincronia neural para o G2. Em relação às amplitudes dos componentes o G1 apresentou amplitude média de 0,13µV e o G2 0,08µV(p=0,04) para onda V, enquanto para onda A o G1 apresentou 0,18µV e o G2 0,13µV(p=0,03), significando menor atividade neural para o G2. Para o Slope VA o G1 apresentou resposta média de 0,20µV/ms e G2 0,08µV/ms(p=0,03), demonstrando menor sincronicidade temporal para o G2. Para o PEAML em relação às posições A1C3, A2C3, A1C4 e A2C4 para os componentes Na, Pa, Nb e Pb não houve diferenças significantes nas comparações de latência entre os grupos. Em relação às amplitudes observou-se diferenças significativas entre os grupos, sendo na posição A1C3 para Na o G1 apresentou amplitude média de 0,57µV e G2 de 0,34µV(p=0,02) e para o componente Pa, G1 demonstrou valores médios de 0,66µV e G2 0,39µV(p=0,02). Na posição A2C3 para Na, o G1 apresentou amplitude média de 0,61µV e G2 de 0,51µV(p=0,04) e para o componente Pa, G1 teve como valores de amplitude média 0,67µV e G2 0,58µV (p=0,05), demonstrando menor funcionamento neural para o grupo G2. Quanto à sensibilidade e especificidade dos exames frente aos testes de PAC, encontra-se 93% de sensibilidade e especificidade no FFR e 87% de sensibilidade e 93% de especificidade para o PEAML. Conclusão: O FFR apresentou maior diferença para os componentes entre os grupos e melhor sensibilidade e especificidade frente à avaliação do PAC.
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5. Sanguebuche TR, Peixe BP, Garcia MV. Testes comportamentais em adultos: valores de referência e comparação entre grupos com e sem transtorno do processamento auditivo central. Rev. CEFAC 2020; 22 (1): e13718.
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