ESPECTRO DA NEUROPATIA AUDITIVA: O PEAEE CONTRIBUI PARA O DIAGNÓSTICO?
Duarte, J. L. ;
Araujo, E. S. ;
Silveira, A. G. ;
Yamaguti, E. H. ;
Silva, B. C. S. ;
Oliveira, E. B. ;
Costa, O. A. ;
Alvarenga, K.F. ;
Introdução: O Potencial Evocado Auditivo de Estado Estável (PEAEE) é um procedimento eletrofisiológico que vem ganhando espaço na avaliação audiológica infantil, por predizer os limiares psicoacústicos em várias frequências e nas duas orelhas simultaneamente, o que reduz o tempo na avaliação em comparação aos demais potenciais evocados utilizados para este fim. Entretanto, existe a necessidade da compreensão dos achados nos diferentes tipos de perda auditiva, incluindo o Espectro da Neuropatia Auditiva (ENA). Objetivo: Verificar os achados do PEAEE em crianças com ENA e sua relação com o calibre do nervo auditivo e com os limiares comportamentais. Metodologia: O estudo foi desenvolvido em um ambulatório de audiologia credenciado ao SUS (Comitê de Ética Processo n° 100/2005). Foram avaliadas 27 crianças, de ambos os sexos, com faixa etária de seis meses a 10 anos e 9 meses e diagnóstico prévio de ENA por equipe multidisciplinar. Todas apresentaram perda auditiva bilateral, sendo portanto, analisadas 54 orelhas e subdividas em dois grupos: 17 crianças com nervo auditivo de calibre normal (G1) e 10 crianças com hipoplasia do nervo auditivo (G2), definida com base no exame de ressonância nuclear magnética do osso temporal em aparelho marca Phillips com campo magnético de 1.0 Tesla. A avaliação incluiu a pesquisa dos limiares psicoacústicos e do PEAEE nas portadoras de 0,5; 1; 2 e 4 kHz, moduladas 100% em amplitude e 20% em frequência. Foi utilizado o equipamento MASTER (2.04.i00 Bio logic Systems Corp.), fones de inserção 3A e eletrodos em Fz (ativo), Oz (referência) e Fzp (terra). Os parâmetros foram ganho de 50 mil, filtro passa-banda 1 a 300 Hz, velocidade de conversão A-D de 1 kHz, nível de rejeição ± 40 µV, e analise da amplitude pelo teste F. Os dados foram submetidos a análise estatística descritiva e inferencial com o teste Qui-quadrado de independência, adotando p≤0,05. Resultados: o grau da perda auditiva dos participantes variou entre moderado (n= 3), severo (n=5) e profundo (n=19). Para as crianças do G1 verificou-se um elevado quantitativo de respostas ausentes no PEAEE, mesmo em frequências com obtenção de limiar comportamental. Por outro lado, para as crianças com hipoplasia de nervo auditivo (G2), observou-se consistência no registro do PEAEE, sendo possível determinar o limiar eletrofisiológico para a maioria das frequências avaliadas e melhor correlação com os limiares comportamentais (p<0,05). Conclusão: a contribuição do PEAEE para os casos de ENA é limitada no que se refere à predição de limiares, sendo fundamental que a indicação de dispositivos tenha como base os limiares comportamentais. Em contrapartida, o PEAEE registrado de forma consistente e com melhor correlação para os casos de hipoplasia de nervo auditivo torna o procedimento promissor para auxiliar no diagnóstico diferencial entre hipoplasia e aplasia do nervo auditivo e, até mesmo, entre casos de ENA com e sem hipoplasia.
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