PERDA AUDITIVA OCULTA: CARACTERIZAÇÃO E MECANISMOS FISIOPATOLÓGICOS
RODRIGUES, I.A.L.C. ;
CARVALHO, T.M. ;
WILLIAMS, E.M.O. ;
As células ciliadas não são o elemento mais vulnerável da orelha interna. A vulnerabilidade estaria presente primariamente nas sinapses entre as células ciliadas e as terminações nervosas cocleares que degradam-se primeiro nos indivíduos expostos ao ruído, seja ele ocupacional ou de lazer. Tal neurodegeneração primária não compromete o limiar auditivo, mas pode causar uma alteração auditiva que em geral não aparece na audiometria tonal, porém pode gerar problemas de compreensão da fala em ambientes ruidosos e ser importante na ocorrência de zumbido e/ou hiperacusia. Esse trabalho teve como objetivo caracterizar a perda auditiva oculta e os mecanismos fisiopatológicos que estão relacionados com essa condição. O presente estudo trata-se de uma revisão da literatura em que fora feita uma seleção crítica de artigos relacionados à temática específica em plataformas de pesquisa científica. A presença de acufenos nos indivíduos que apresentam os padrões audiométricos dentro da normalidade ocorre em grande parte em virtude da desaferentação do nervo auditivo originado pelo dano às células cocleares que conduz a um estado de hiperexcitabilidade e aumento do desequilíbrio da excitação/inibição em neurônios auditivos centrais alterando a expressão e a função de canais e receptores iônicos ao longo da via auditiva, justificando a realização deste estudo. O presente estudo tratou-se de uma revisão da literatura em que fora feito uma seleção crítica de artigos relacionados à temática específica em plataformas de pesquisa científica como o Scielo, Pubmed, Science e Google Acadêmico, que neste caso, caracterizava a perda auditiva oculta e seus mecanismos de lesão. Assim, concluiu-se que essa sinaptopatia é considerada oculta, pois a degeneração neuronal coclear não altera os limiares comportamentais ou eletrofisiológicos até que se torne extrema. Por esse motivo, a perda auditiva oculta torna-se comum entre jovens que abusam regularmente de ruídos apesar de apresentarem um audiograma normal. Como a perda auditiva causada em decorrência desta sinaptopatia só consegue ser detectada quando os danos são irreversíveis configura um dos principais obstáculos desta patologia. Ficou claro que o audiograma é um método insuficiente para avaliar uma patologia que tem um carácter comportamental, insidioso e de natureza neuronal. A prevenção torna-se o método mais eficaz para evitar a perda auditiva oculta seja pela conscientização sobre intensidade e frequência da exposição à ruídos de lazer ou pela proteção mecânica através de protetores auditivos.
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