Encontro Internacional de Audiologia

ANAIS - TRABALHOS CIENTÍFICOS

DESVANTAGEM AUDITIVA E INDICE PERCENTUAL DE RECONHECIMENTO DE FALA: UMA ANÁLISE DE CORRELAÇÃO EM DOIS GRUPOS COM CONFIGURAÇÃO AUDIOMÉTRICA DESCENDENTE
Streit, G. C. S. ; Patatt, F. S. A. ; Vellozo, F. ; Moreira, H. G. ; Garcia, M. V. ;

Introdução: As classificações para graus de perda auditiva são realizadas com base nas médias tritonal(M3) ou quadritonal(M4), limitando o laudo audiológico nas perdas auditivas descendentes, pois nem sempre este reflete a performance auditiva do sujeito avaliado. Objetivo: Analisar a correlação de diferentes médias tonais com a desvantagem auditiva e o Índice Percentual de Reconhecimento de Fala(IPRF) em dois grupos de sujeitos com configuração audiométrica descendente. Método: Estudo aprovado pelo Comitê de Ética em pesquisa sob o número 25933514.1.0000.5346. Para composição amostral foram incluídos 28 sujeitos, sendo 18 do sexo masculino(64,28%) e dez do feminino(35,71%). Foram submetidos a Audiometria Tonal Liminar, IPRF com lista de palavras gravadas, Medidas de Imitância Acústica e aos questionários Hearing Handicap Inventory for Adults(HHIA) E Hearing Handicap Inventory for the Eldertly Screening(HHIE-S)(para mensurar a autopercepção da desvantagem auditiva). Todos apresentaram curvas timpanométricas do tipo A e reflexos contralaterais presentes. Após, os sujeitos foram distribuídos em dois grupos, ambos com configuração audiométrica descendente: G1 – sujeitos com média tritonal igual ou inferior a 25dB; G2 – sujeitos com média tritonal superior a 25dB. A idade média dos participantes do G1 foi 57,54 anos e do G2, 66,64 anos. As diferentes médias tonais foram distribuídas em M3 (500, 1000 e 2000 Hz), M4 (500, 1000, 2000 e 4000Hz) e Octonal(M8) (média das frequências de 250 a 8000Hz), para ambos os grupos. A análise de correlação foi realizada entre as médias M3, M4 e M8 com a desvantagem auditiva e com o IPRF utilizando o Teste de correlação de Spearman, sendo o nível de significância considerado <0,05 (5%). Resultados: Observou-se tendência a significância, tanto para o G1 como para o G2, em relação à M8 quando correlacionada com a desvantagem auditiva(p-valor=0,06 e 0,09, respectivamente) demonstrando que analisar as oito frequências do audiograma parece possibilitar maior compreensão em relação a desvantagem auditiva do paciente. Esta, poderia não ficar expressa se considerada somente a M3 para o laudo, indicando assim a importância de laudar as perdas auditivas em frequências agudas Evidenciou-se ainda, correlação estatisticamente significante do IPRF com a M8, para G1 (p= 0,04) e do IPRF com M4 e M8, para G2 (p-valor=0,03 e 0,02, respectivamente). Estes achados apontam correlação do IPRF com as médias que consideram um maior número de frequências no cálculo, sendo esta correlação inversa, ou seja, quanto maior a média, menor o desempenho no IPRF. Frente ao exposto, sugere-se considerar a perda auditiva em agudos para a realização do laudo audiológico. Conclusão: A M8 reflete melhor a desvantagem auditiva causada pela perda auditiva, tanto para sujeitos com M3 menor ou igual a 25 dB, como para aqueles com M3 superior. Houve correlação estatisticamente significante do IPRF com M8, nos dois grupos, denotando uma diminuição no desempenho do IPRF, com o aumento da média, considerando as oito frequências.

1. INTERNATIONAL BUREAU FOR AUDIOPHONOLOGY. 1996. BIAP Recommendation 02/1: Audiometric Classification of Hearing Impairments. Disponível em: https://www.biap.org/en/recommandations/recommendations/tc-02-classification/213-rec-02-1-en-audiometric-classification-of-hearing-impairments/file.
2. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE (OMS). Prevention of blindness and deafness. 2020. Disponível em: http://www.who.int/publications-detail/ basic-ear-and-hearing-care-resource.
3. Newman CW, Weinstein BE, Jacobson GP, Hug GA. (1990). The Hearing Handicap Inventory for Adults. Ear and Hearing, 11(6), 430–433.
4. JERGER, J. Clinical experience with impedance audiometry. Arch Otolaryngol. v. 92, n. 4, p. 311-24, out, 1970.
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DADOS DE PUBLICAÇÃO
Página(s): p.375
ISSN 1983-1793X
https://audiologiabrasil.org.br/36eia/anais-trabalhos-consulta/375