PERDA AUDITIVA E EXPOSIÇÃO À RUÍDO OCUPACIONAL: ACHADOS EM UM GRUPO DE IDOSOS
Cardoso, A. M. M. ;
Alvarenga, K. F. ;
Lopes, T. A. ;
Batista, B. M. B. C. ;
Filho, O. A. C. ;
Corteletti, L. C. B. J. ;
Introdução: A perda auditiva relacionada à idade, é uma das condições crônicas de saúde mais prevalente na terceira idade, excedendo em 30% entre as pessoas com mais de 65 anos, tendo aumentada sua incidência e o seu agravamento com o avançar da idade. Também conhecida como presbiacusia, é o resultado de efeitos cumulativos do envelhecimento no sistema auditivo tendo como principais características, ser progressiva, do tipo sensorioneural bilateral, simétrica, com configuração audiométrica descendente (com acometimento maior das altas frequências) o que compromete o reconhecimento da fala. Há evidências de que idosos com exposição pregressa ao ruído ocupacional podem apresentar maior dificuldade na percepção da fala com o avanço da idade. Objetivo: Verificar se a exposição pregressa ao ruído ocupacional agravou o rebaixamento dos limiares auditivos e o Índice de Reconhecimento de Fala (IRF) com o avanço da idade. Metodologia: Estudo descritivo e retrospectivo (aprovação comitê de ética: 59804116.6.0000.5417), realizado a partir da análise de dados secundários registrados em prontuários de 49 participantes atendidos em uma clínica escola. Foram analisados os limiares auditivos e o IRF, sem ruído competitivo, da avaliação de referência que foi comparada com a seqüencial, realizada a pelo menos cinco anos após a primeira. Os participantes foram divididos em dois grupos: G1 – idosos com histórico de exposição ocupacional à níveis elevados de pressão sonora por no mínimo cinco anos, composto por 25 indivíduos (sendo 16 homens e 9 mulheres, com média de idade de 79,6 anos), e G2 sem histórico, composto por 22 indivíduos (sendo 3 homens e 19 mulheres, com média de idade de 82,1 anos). De acordo com critérios estabelecidos foram incluídos participantes com pelo menos duas avaliações audiológicas com um intervalo mínimo de cinco anos entre elas, aqueles com idade igual ou superior a 60 anos, que apresentavam perda auditiva sensorioneural bilateral e com ausência de alterações de orelha externa e/ou média confirmada por meio da avaliação otorrinolaringológica e timpanometria. Foi aplicado o Teste-t, tanto para as amostras independentes como para as dependentes, levando-se em consideração o nível de significância de 5% (p≤0,05). Resultados: A partir da análise intra-grupo, verificou-se que houve diferença, tanto para a orelha direita quanto para a esquerda, quando comparados os limiares auditivos das avaliações de referência e sequencial e do IRF em ambos os grupos. Porém na análise inter-grupos essa diferença não foi observada. Conclusão: O histórico de exposição ao ruído não diferenciou os grupos com relação ao agravamento dos limiares tonais e ao teste de reconhecimento de fala sem ruído competitivo, com o avanço da idade. Ressalta-se a necessidade de estudos futuros com a análise da percepção de fala no ruído em idosos com exposição pregressa ao ruído, visando a reabilitação auditiva efetiva.
Le Prell, C. G. (2019). "Effects of noise exposure on auditory brainstem response and speech-in-noise tasks: A review of the literature." International journal of audiology 58(sup1): S3-S32.
World Health Organization. Deafness and hearing loss. Fact sheet N 300. [Internet]. 2019. Available from: http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs300/en/
Fernandez, K. A., Jeffers, P. W., Lall, K., Liberman, M. C., & Kujawa, S. G. (2015). Aging after noise exposure: acceleration of cochlear synaptopathy in “recovered” ears. Journal of Neuroscience, 35(19), 7509-7520.
DADOS DE PUBLICAÇÃO