ANÁLISE DAS EMISSÕES OTOACÚSTICAS PRODUTO DE DISTORÇÃO PÓS EXPOSIÇÃO A TRATAMENTO QUIMIOTERÁPICO
Guibu, L.M.T. ;
Carvalho, M. ;
Cortina,K. ;
Durante, A.S. ;
Introdução: De acordo com o Instituto Nacional do Câncer a estimativa de diagnósticos de câncer em adultos no Brasil é de 625 mil novos casos (com exceção do melanoma) para os anos de 2020 a 2022. O uso de agentes quimioterápicos comumente implica frequentemente na utilização de fármacos ototóxicos, que são considerados agentes nocivos à audição, mais especificamente às células ciliadas externas e em especial na base da cóclea, região tonotópica das altas frequências.
Objetivo: Analisar as Emissões Otoacústicas Produto de Distorção (EOAPD) em indivíduos diagnosticados com neoplasias malignas após tratamento quimioterápico.
Método: Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da instituição (4.510.244). A amostra foi composta por dois indivíduos, na faixa etária de 25 a 45 anos, após a finalização do tratamento quimioterápico no setor de Oncologia de um serviço referência na cidade de São Paulo. Os critérios de inclusão foram adultos portadores de neoplasias malignas de cabeça e pescoço submetidos a tratamento quimioterápico com cisplatina, concomitante a radioterapia, sem realização de procedimento cirúrgico para a remoção do tumor. Após o consentimento de participação na pesquisa, por meio da assinatura do Termo de consentimento livre e esclarecido, foram realizados os procedimentos de meatoscopia, timpanometria, reflexos acústicos e audiometria. Logo após, foi aplicado um questionário contemplando informações sobre histórico pregresso de saúde, pregresso de outra(s) neoplasia(s) ou recidiva e tratamento da mesma, uso de outros medicamentos, outras comorbidades e a frequência atual do tratamento quimioterápico. Para a mensuração das EOAPD, foi utilizado o equipamento ILO, da Otodynamics. As EOAPD 2f1-f2 foram coletadas por meio de sonda acoplada em uma oliva que foi inserida no meato acústico externo, foram avaliadas as frequências de 1 a 8 kHz com intensidade dos estímulos f1 e f2 de 65 e 55 dB NPS e razão entre os estímulos f1 e f2 de 1,22.
Resultados : O Caso 1, masculino, 45 anos, diagnóstico de câncer na cavidade nasal, 35 sessões de radioterapia e 7 de quimioterapia com cisplatina. Apresentou perda auditivasensorioneural adquirida de grau moderado, com configuração descendente bilateral e EOAPD ausentes. O caso 2, feminino, 28 anos, diagnóstico de câncer na nasofaringe, realizou 10 sessões de quimioterapia e 35 sessões de radioterapia. Apresentou limiares audiométricos dentro do padrão de normalidade, porém os resultados das EOAPD apresentaram-se parcialmente presentes apenas nas frequências de 1 a 4k Hz, indicando prejuízo na fisiologia da região basal da cóclea.
Conclusão: Embora a amostra do estudo seja reduzida, os resultados parciais salientam o impacto da quimioterapia por cisplatina na fisiologia coclear. Demonstrando assim, importância da detecção e monitoramento auditivo em pacientes submetidos a tratamento quimioterápico.
Instituto Nacional do Câncer. Estimativa 2020, Incidência de Câncer no Brasil. Disponível em:https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files/media/document/estimativa-2020-incidencia-de-cancer-no-brasil.pdf
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