Encontro Internacional de Audiologia

ANAIS - TRABALHOS CIENTÍFICOS

CONDIÇÕES DE SAÚDE MATERNO-INFANTIL QUE IMPLICAM EM RISCO PARA PERDAS AUDITIVAS: UM MAPEAMENTO NACIONAL
Cunha, M. R. M. ; Silva, G. P. S. ; Araújo, E. S. ;

Introdução: De acordo com o relatório mundial da audição de 2021, estima-se que cerca de 60% da perda auditiva em crianças podem ser evitadas. Assim, além da educação em saúde, a prevenção da perda auditiva congênita e na infância envolve estratégias que inclui imunização de meninas e mulheres, cuidados maternos e neonatais nos períodos pré-natal e perinatal e o aconselhamento genético. A Organização Mundial da Saúde destacou que o perfil e as causas da perda auditiva têm ampla variabilidade dentre as diferentes localidades, assim como é distinta a disponibilidade de infraestrutura e recursos para solucioná-lo. Neste contexto, ressaltou a importância de cada país desenvolver seu próprio plano estratégico, sendo a avaliação situacional em relação aos cuidados auditivos, o primeiro passo fundamental. Objetivo: Analisar as condições de saúde materno-infantil nas diferentes regiões do país, que implicam em risco para a perda auditiva. Trata-se de um estudo ecológico, do tipo descritivo analítico, de caráter retrospectivo, com dispensa do Comitê de Ética e utilização dos dados registrados no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde do Brasil (DATASUS). Foram selecionadas condições de saúde materno-infantil coerentes com os indicadores de risco para a deficiência auditiva (IRDA) previstos em recomendações nacionais e internacionais: baixo peso ao nascer, prematuridade, apgar neonatal no primeiro (de 0 a 4) ou no quinto minuto (0 a 6), meningite, Zika, hidrocefalia e microcefalia. Além disso, analisou-se o perfil materno e a realização do pré-natal adequado. Os dados foram analisados por regiões do país em 2010 e 2019, exceto para o Zika Vírus, com surgimento em 2015. Resultados: Dentre as regiões do Brasil, o Sudeste apresentou maior percentual de nascidos vivos nos anos analisados (43,3%), seguido por Nordeste (27,5%), Sul (13,1%), Norte (8,8%) e Centro-oeste (7,3%). Quanto aos IRDA, o baixo peso ao nascer, apgar, hidrocefalia e microcefalia se mantiveram equivalentes ao quantitativo de nascidos vivos para cada região, demonstrando proporcionalidades diretas. Contudo, não se observou nenhum decréscimo destas condições entre os anos de 2010 e 2019. A prematuridade ainda é expressivamente recorrente e o Nordeste é a região com maior quantitativo de pré-termos inferiores a 22 semanas (2010=41,7% e 2019=38,8%). Casos de meningite foram mais ocorrentes no Sudeste (54,6%) e no Sul (23,5%) e os casos de Zika Vírus se concentraram majoritariamente no Nordeste (40,2%). Em relação ao perfil materno, é preponderante a população parda no Nordeste (45,7%) e indígena no Norte (53%), mantendo percentuais equivalentes em 2019. Tem-se no Nordeste o maior quantitativo de mães com ensino fundamental II incompleto e o Sudeste se destaca com maior percentual de ensino médio completo e/ou graduação. A realização do pré-natal adequado constitui uma variável preocupante tanto em 2010 quanto em 2019 nas diferentes regiões, sobretudo no Nordeste. Conclusão: Não houve diferença das condições de saúde materno-infantil que implicam em risco para a perda auditiva ao comparar os anos de 2010 e 2019 e as regiões. Ações de saúde pública voltadas a estes indicadores e articuladas com a atenção primária à saúde têm amplo potencial para refletir na saúde auditiva infantil.

LÔBO, Morenah Gomes; DE ANDRADE, Caio Leônidas Oliveira; ALVES, Crésio. Avaliação da cobertura da triagem auditiva neonatal nas macrorregiões de saúde do estado da Bahia entre os anos de 2011 a 2018. Revista de Ciências Médicas e Biológicas, v. 19, n. 4, p. 565-571, 2020.
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DADOS DE PUBLICAÇÃO
Página(s): p.387
ISSN 1983-1793X
https://audiologiabrasil.org.br/36eia/anais-trabalhos-consulta/387