Encontro Internacional de Audiologia

ANAIS - TRABALHOS CIENTÍFICOS

UM ALGORITMO NA AUDIOLOGIA: ANÁLISE CRÍTICA NA PERSPECTIVA DO ENSINO
Jales, J. M. R. ; Araújo, D. P. ; Araújo, M. E. B. ; Alves, E. R. A. ; Araújo, E. S. ;

Introdução: Com o avanço dos recursos tecnológicos, as ferramentas interativas têm sido empregadas em sala de aula com vistas a otimizar a motivação e o engajamento dos estudantes. No contexto da Audiologia, o desenvolvimento de softwares que proporcionem a simulação de respostas dos exames auditivos favorece a fixação dos conceitos, bem como a realização do raciocínio clínico diante dos achados. Com isso, espera-se que algumas dúvidas sejam sanadas antes mesmo da prática com o paciente real. Objetivo: Avaliar aspectos facilitadores e entraves no uso de algoritmo em ferramentas de ensino da audiologia. Metodologia: Estudo observacional e transversal, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição, parecer número 4.704.133. Participaram sete fonoaudiólogos doutores, com ampla experiência em audiologia e que atuam como docentes de cursos de Fonoaudiologia de diferentes instituições, incluindo Rio Grande do Norte, Paraíba, São Paulo, Santa Catarina, Sergipe e Distrito Federal. Para implementação do algoritmo utilizou-se a linguagem Visual Basic 6 Programming. Foram criados três casos clínicos com respostas automatizadas para a audiometria tonal limiar e a logoaudiometria, sendo: (1) perda auditiva unilateral à esquerda do tipo sensorioneural (retrococlear) de grau moderado; (2) perda auditiva bilateral assimétrica, do tipo mista de grau severo à direita e do tipo sensorioneural (coclear) de grau moderado à esquerda; (3) perda auditiva bilateral simétrica, do tipo condutiva de grau leve. Cada participante recebeu os casos implementados em um audiômetro virtual com cegamento e, após a realização da audiometria e da logoaudiometria, enviaram o audiograma aos pesquisadores. Ressalta-se que o tempo para a realização dos exames foi livre e houve possibilidade de empregarem o mascaramento para a obtenção dos limiares reais. Os resultados foram analisados de forma qualitativa e descritiva. Resultados: No primeiro caso, para a obtenção de mascaramento efetivo nas frequências graves era necessário considerar o efeito de oclusão, além disso o índice percentual de reconhecimento de fala (IPRF) era de 16%. 2 docentes (28,57%) mantiveram mascaramento insuficiente, o que alterou o tipo da perda auditiva e impactou no IPRF obtido. No caso 2, constatou-se a obtenção de limiares incoerentes com o algoritmo, que pode ter ocorrido tanto por uso de mascaramento insuficiente quanto por supermascaramento. O caso 3 mostrou-se mais simples, com obtenção de respostas coerentes com o algoritmo, no entanto, mesmo com limiares de via óssea dentro da normalidade, 2 docentes (28,57%) obtiveram IPRF incompatível, o que pode ter ocorrido por imprecisão na realização da logoaudiometria devido ao ajuste do vu meter ou por falta de atenção à resposta do paciente. Conclusão: A despeito da precisão de todo algoritmo, a execução da audiometria e logoaudiometria implica na possibilidade de obtenção de respostas imprecisas a depender da complexidade do caso. O uso de algoritmo no ensino da audiologia potencializa o raciocínio clínico, mas por outro lado, quando inseridos detalhes como o efeito de oclusão e efeito de supermascaramento nos limiares auditivos, pode-se obter entraves importantes. Assim, os docentes precisam conhecer a teoria por trás do algoritmo evitando incoerências e potencializando o uso de algoritmos em ferramentas de ensino da audiologia.

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DADOS DE PUBLICAÇÃO
Página(s): p.400
ISSN 1983-1793X
https://audiologiabrasil.org.br/36eia/anais-trabalhos-consulta/400