PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL EM IDOSOS: REVISÃO INTEGRATIVA
Frota, S.M.M.C ;
Borges, C.A. ;
Pinto, I.C.F ;
Carmo, R.D ;
Introdução: O envelhecimento traz consigo algumas alterações fisiológicas como o declínio
cognitivo, a diminuição da audição e de compreensão da fala. Tudo o que ouvimos é processado
pelo cérebro e o mesmo analisa e interpreta, e isso é chamado de Processamento Auditivo
Central. Se o PAC estiver alterado, a comunicação do idoso também ficará alterada.
Objetivo: Compreender a relação entre o envelhecimento e o processamento auditivo central,
quais as evidências da relação entre o envelhecimento e a alteração das habilidades auditivas e
quais são os principais testes realizados para avaliar o PAC no idoso.
Metodologia: Foi realizada uma revisão integrativa, utilizando a estratégia PICO
(Participantes, Intervenção, Comparadores e Outcome). Foram incluídos no estudo, artigos que
descrevessem idosos a partir de 60 anos, de ambos os gêneros, sem alterações cognitivas,
contendo testes auditivos eletrofisiológicos, comportamentais e cognitivos.
Resultados: Apesar do grande número de artigos (747) localizados nos bancos de dados,
envolvendo o tema sobre processamento auditivo central, foram selecionados e incluídos nesta
revisão apenas 17 artigos contendo especificamente PAC em idosos e que estavam dentro dos
critérios de inclusão. Dos 17 artigos selecionados, apenas dois artigos (12%) usaram uma
bateria de testes na avaliação do PAC, pois os outros estudos queriam avaliar habilidades
isoladas. 16 artigos (94%) utilizaram testes comportamentais e apenas um (6%) utilizou teste
eletrofisiológico. Foram selecionados 4 estudos (23%) internacionais nesta revisão, onde
verificamos que existe uma diferença nos testes, se comparados aos testes utilizados no Brasil,
porém possuem os mesmos princípios. Em quatro estudos (23%), houve uma influência
significativa da faixa etária no PAC em idosos, quanto maior a idade, mais dificuldades terá
nas habilidades auditivas centrais. Em três estudos (18%), utilizaram a cognição como uma
variável, onde a mesma influenciou na capacidade de reconhecimento de fala de idosos em
ambientes ruidosos, mas não influenciou no reconhecimento de fala em escuta dicótica. Doze
estudos (70%) utilizaram a perda auditiva periférica como uma variável, ficando evidenciado
que quanto maior o grau da perda, pior o desempenho dos idosos nos testes de PAC, porém
independente da perda, há uma alteração do PAC em idosos. Dois estudos (12%) utilizaram a
orelha como variável, onde houve melhor desempenho na orelha direita e pior na orelha
esquerda.
Conclusão: Há evidências de que existe relação entre o envelhecimento e o processamento
auditivo central, visto que o avanço da idade causa alterações auditivas periféricas e centrais,
fazendo com que os idosos apresentassem um pior desempenho nos testes realizados. Não há
uma unanimidade entre os autores em relação aos testes para avaliar o PAC, visto que a maioria
(90%) dos artigos utilizados nesta revisão verificaram somente algumas habilidades auditivas,
não realizando a bateria de testes recomendada.
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