TRIAGEM AUDITIVA E A ASSOCIAÇÃO DE INDICADORES DE RISCO EM RECÉM-NASCIDOS DA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA
Silva, F. A. L. ;
Soares, H. S. G. ;
Silva, V. B. ;
Introdução: A triagem auditiva neonatal desempenha um papel crucial ao identificar precocemente possíveis deficiências auditivas em bebês, especialmente naqueles que passaram por cuidados intensivos neonatais. Esses neonatos frequentemente enfrentam situações reconhecidas como de risco para a audição, as quais, quando ocorrem isoladamente ou em combinação, aumentam a probabilidade de alterações auditivas. Como resultado, a presença desses fatores influencia diretamente o protocolo adotado na triagem, bem como o acompanhamento nos primeiros anos de vida. Objetivo: Analisar os resultados da triagem auditiva neonatal, bem como, a ocorrência de indicadores de risco em recém-nascidos oriundos da unidade de cuidado intensivo neonatal. Metodologia: Estudo transversal, realizado no banco de dados do programa de triagem auditiva neonatal de um hospital público terciário, referência em cuidado intensivo neonatal. A amostra analisada refere-se aos dados de 1559 neonatos que permaneceram mais de cinco dias internados em unidade de terapia intensiva no período de março de 2015 a junho de 2020. Todos foram submetidos a triagem com emissões otoacústicas e/ou potencial evocado auditivo automático. Os dados analisados foram a ocorrência e quantidade de indicadores de risco para audição na infância apresentados pelos recém-nascidos. No programa onde foi realizado o presente estudo, a análise dos indicadores segue as recomendações do Ministério da Saúde do Brasil nas Diretrizes de atenção a triagem auditiva neonatal (2012), incluindo a infecção por malária, Zika vírus e a covid-19 na gestação. Além dos indicadores foi analisado o resultado da triagem auditiva e os dados foram submetidos a estatística descritiva. Resultados: Dos 1559 recém-nascidos incluídos na análise durante o período considerado, 1,7% (n=26) exibiram um único indicador de risco para a audição. Notavelmente, 32,5% (n=507) apresentaram dois indicadores, enquanto 39,4% (n=614) exibiram três indicadores. A incidência diminuiu gradualmente, com 21% (n=328) manifestando quatro indicadores, 5% (n=77) com cinco indicadores e 0,4% (n=7) com seis indicadores. Quando submetidos à triagem auditiva, recém-nascidos sem indicadores de risco associados apresentaram uma taxa de 3,8% (n=1) de resultados alterados. A taxa aumentou para 10,1% (n=51) na presença de dois indicadores, atingindo 13,2% (n=81) com três indicadores, 21,6% (n=71) com quatro indicadores, e chegando a 28,6% (n=22 e n=2) para aqueles com cinco e seis indicadores, respectivamente. Considerando o conjunto, a prevalência global de falhas na triagem auditiva em recém-nascidos que permaneceram por mais de cinco dias na unidade de terapia intensiva foi de 14,6% (n=228).Conclusão: A grande maioria dos recém-nascidos que passaram mais de cinco dias na unidade de tratamento intensivo neonatal apresenta indicadores de risco associados à perda auditiva, sendo mais comum a presença de dois ou três indicadores. A prevalência de alterações na triagem auditiva nessa população é de 14,6%, podendo variar conforme a quantidade de indicadores de risco identificados.
DADOS DE PUBLICAÇÃO