DESEMPENHO NA TRIAGEM E AVALIAÇÃO COMPORTAMENTAL DO PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL DE ESCOLARES QUE FALHARAM NA TRIAGEM COGNITIVA
Carvalho, N.G. ;
Lemos, A.C.P. ;
Ubiali, T. ;
Guadagnini, M.F ;
Amaral, M.I.R. ;
Colella-Santos, M.F. ;
Introdução: A triagem e o diagnóstico de escolares com Transtorno do Processamento Auditivo Central (TPAC) são importantes para propiciar a intervenção precoce e atenuar os impactos negativos no desenvolvimento acadêmico e social. Atualmente, existem duas visões amplamente debatidas sobre a definição de TPAC. A primeira considera o TPAC como déficits na capacidade neural de processar estímulos auditivos, independentemente de linguagem, cognição ou fatores associados. A segunda o aborda como sendo influenciado por fatores de ordem superior, tais como linguagem e cognição. Portanto, são recomendadas a avaliação multiprofissional e estudos que exploram a interação entre a capacidade intelectual e as habilidades auditivas.
Objetivo: Descrever o desempenho na triagem das habilidades auditivas e na avaliação comportamental do processamento auditivo central (PAC) de escolares que falharam na triagem cognitiva.
Método: Estudo transversal e descritivo, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (nº 6.216.032). Inicialmente, em uma escola estadual, 78 escolares, entre 6 e 8 anos, foram submetidos à avaliação audiológica básica, ao Teste de Desempenho Escolar (TDE-II), ao AudBility e a triagem cognitiva. Utilizou-se o teste Matrizes Progressivas Coloridas de Raven, sob responsabilidade de uma neuropsicóloga, reconhecidamente adequado para a triagem de raciocínio não-verbal, ou seja, na identificação de possíveis déficits ligados à inteligência geral. Para este trabalho foram selecionadas as crianças categorizadas como "Definitivamente abaixo da média da capacidade intelectual". As tarefas do AudBlity analisadas foram: integração binaural (IB), figura-fundo (FF), resolução temporal (RT) e ordenação temporal de frequência (OT-F). Os resultados foram classificados em relação ao critério de passa/falha de cada tarefa. Posteriormente, as crianças foram encaminhadas para avaliação comportamental, com aplicação do Teste Dicótico de Dígitos (TDD), Teste de Sentenças com Mensagem Competitiva Ipsilateral (PSI), Teste de detecção de intervalos aleatórios (RGDT) e Padrão de Frequência (TPF). Das 78 crianças triadas, 15 não passaram na triagem cognitiva e dez completaram todas as etapas, duas do sexo masculino e oito do sexo feminino, com média de idade de 7,6 ± 0,8 anos.
Resultados: Nove crianças tiveram percentil abaixo da média no TDE-II, ou seja, baixo desempenho nas habilidades de leitura e escrita. No audBility, duas crianças falharam na tarefa de IB. Na tarefa de FF, uma criança falhou. Na tarefa de RT, nenhuma criança falhou. Na tarefa de OT-F, cinco crianças falharam. Na etapa de avaliação, quatro crianças (40%) tiveram no mínimo dois testes alterados, com pior desempenho no TDD e TPF. A alteração no TDD foi confirmada em cinco crianças, média do grupo de 84,0 ± 13,03 na orelha direita (OD) e 85,25 ± 11,02 na orelha esquerda (OE). No PSI, a alteração foi confirmada em uma criança, com média de 76,0 ± 17,13 na OD e 70,0 ± 14,91 na OE. No RGDT, confirmado alteração em duas crianças (média 8,36 ± 6,0). No TPF, a alteração foi confirmada em oito crianças (média 31,68 ± 10,15 na OD e 25,43 ± 18,59 na OE).
Conclusão: Tanto na triagem quanto na avaliação comportamental as crianças que falharam na triagem cognitiva tiveram pior desempenho nas habilidades de integração binaural e ordenação temporal.
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