IMPACTOS DA EXPOSIÇÃO VERTICAL AO COVID-19 NO SISTEMA AUDITIVO DE LACTENTES
Raimundo, J. Q ;
Colella-Santos, M. F ;
Introdução: A COVID-19 é uma doença infecciosa causada pelo vírus SARS-CoV-2, um novo membro da família de coronavírus. A principal via de transmissão é respiratória, preocupações surgiram em relação à transmissão vertical, a qual consiste na transmissão do vírus da mãe para o feto. A infecção viral do feto por via placentária pode influenciar a formação do sistema auditivo, levando a distúrbios auditivos congênitos. Objetivo: analisar os resultados obtidos nos testes auditivos eletroacústicos, eletrofisiológicos e comportamentais de lactentes cujas mães tiveram COVID-19 durante a gestação. Método: Aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, sendo parte de um macroprojeto intitulado "Impactos da Covid-19 no sistema auditivo periférico e central de crianças e adolescentes," parecer nº 5.454.075. O estudo incluiu um Grupo Experimental (GE) e um Grupo Controle (GC). O GE consistiu em lactentes de até um ano de idade, cujas mães foram infectadas pelo SARS-CoV-2, selecionadas durante a triagem auditiva neonatal. O GC foi composto por lactentes cujas mães engravidaram após o término da pandemia, com teste negativo para Covid-19 e sem sintomas respiratórios na gestação. Foram conduzidas, para ambos os grupos, observações comportamentais para sons verbais e não verbais, Potenciais Evocados Auditivos de Tronco Encefálico (PEATE), Timpanometria, Emissões Otoacústicas Evocadas por Estímulo Transiente (EOAT) e Emissões Otoacústicas Evocadas por Produto de Distorção (EOAPD). Resultados: Um total de 18 lactentes foram avaliados, 16 crianças apresentaram resultados dentro da faixa normal estabelecida para latência e amplitude no PEATE (estímulo clique, duração de 40 microssegundos (µs), 2.000 varreduras, polaridade rarefeita, intensidade de 80 dB NAn, com uma janela de 10/15 milissegundos e filtro entre 150 e 3.000 Hertz (Hz). Duas crianças apresentaram aumento nas latências e atraso em bloco das ondas I, III e V, indicando uma perda auditiva do tipo condutiva, sendo este resultado esperado devido à maior probabilidade desse tipo de perda auditiva nessa população, não tendo assim provavelmente relação com o COVID-19. Na timpanometria, 16 casos exibiram uma curva timpanométrica do Tipo A bilateralmente, enquanto os 2 casos de perda auditiva condutiva apresentaram curva do Tipo B. Não foram detectadas anormalidades nos testes de EOAT e EOAPD em 16 casos, somente nos 2 casos de perda auditiva do tipo condutiva houve ausência de respostas. O período em que a mãe testou positivo para o vírus SARS-CoV-2 variou, com 5 mães testando positivo durante o terceiro trimestre, 9 durante o segundo trimestre e 4 durante o primeiro trimestre. Um caso foi hipotetizado como espectro de neuropatia auditiva; no entanto, foi excluído do estudo devido à presença de Indicadores de Risco para Perda Auditiva. Conclusão: Os achados atuais não indicam uma correlação entre a exposição vertical ao COVID-19 e prejuízos no sistema auditivo periférico e central de crianças cujas mães testaram positivo para COVID-19 durante o período gestacional. No entanto, pesquisas adicionais são necessárias com maior número de casos para explorar potenciais efeitos de longo prazo e a relação entre a exposição ao COVID-19 e o desenvolvimento auditivo em lactentes.
Palavras-chave: COVID-19; Perda auditiva; Recém-nascido; Gravidez.
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