RELAÇÃO ENTRE AUDIÇÃO E EXPOSIÇÃO PRÉ-NATAL A CHUMBO E MERCÚRIO EM RECÉM-NASCIDOS DO RIO DE JANEIRO
VILLAR, A. C. N. W. B. ;
LEITE FILHO, C. A. ;
ANDRADE, M. I. K. P. ;
ASMUS, C. I. R. F. ;
Introdução: Segundo um levantamento realizado em 2022 pela Agency for Toxic Substances and Disease Registry (ATSDR- Agência Federal de Saúde Pública nos Estados Unidos da América), chumbo (Pb) e mercúrio (Hg) estão entre os três poluentes que mais oferecem ameaça à saúde devido à frequência da exposição humana e características toxicológicas, tornando-os extremamente relevantes para a Saúde Pública. Estudos de diferentes nacionalidades têm correlacionado Pb e Hg a alterações auditivas. Objetivo: Investigar a relação entre a exposição pré-natal ao Pb e Hg e os resultados da Triagem Auditiva Neonatal (TAN) em recém-nascidos (RN) participantes de uma coorte de nascimentos no Rio de Janeiro. Metodologia: A população desse estudo seccional foi composta por RN que tiveram pelo menos um dos metais detectados no sangue do cordão umbilical, coletado no momento do parto, e que passaram pela TAN. Para essa triagem foram utilizadas as Emissões Otoacústicas por Estímulo Transiente (EOAT), nas quais verificaram-se as intensidades de respostas nas bandas de frequências 2k, 3k e 4kHz e resposta geral, além do resultado do rastreio (“passou”/”falhou”) por orelha. A análise dos dados buscou correlações entre as taxas de concentração dos metais e a amplitude das respostas nas EOAT. Resultados: 441 RN, 223 do sexo masculino (50,6%) e 218 feminino (49,4%), participaram da pesquisa. A média da idade gestacional observada foi de 38 semanas e a média do peso de nascimento, 3198 gramas. 12% da amostra (n=53) apresentou ao menos um indicador de risco para deficiência auditiva. 10,7% da população do estudo (n=47) precisou realizar reteste. Assim, 1,6% (n=7) da amostragem confirmou a falha em pelo menos uma das orelhas avaliadas. A análise dos metais foi realizada em 434 amostras para Pb e 433 para Hg. As taxas de detecção foram de 98,85% para Pb (n=429) e 94% para Hg (n=407). Verificaram-se concentrações que podem manifestar efeitos tóxicos em 2,8% (n=12) dos RN que tiveram Pb detectado (≥ 3,5 μg/dL) e em 1,96% (n=5) daqueles com detecção de Hg (≥ 5 μg/L). Uma correlação negativa e fraca foi evidenciada entre as concentrações de Pb e a amplitude de respostas em 4kHz da orelha direita (OD) (ρ= -0,103; p= 0,033) e em 2kHz em orelha esquerda para exposição à Hg (ρ= -0,129; p= 0,007). Além de uma tendência de correlação negativa e fraca em 3kHz da OD para Pb (ρ= -0,086; p= 0,073). Conclusão: Maiores concentrações de Pb e Hg foram associadas a menores amplitudes de resposta das EOAT, sem influenciar o resultado da TAN.
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