ANÁLISE DE FATORES DE RISCO ASSOCIADOS À PRESENÇA DO ZUMBIDO CRÔNICO
Pereira, R. M. ;
Lima, T. K. F. C. ;
Bedaque, H. P. ;
Ferreira, L. M. B. M. ;
Mantello, E. B. ;
Introdução: O zumbido é a percepção consciente de um ruído tonal ou composto, para o qual não há fonte acústica externa. Neste estudo, o conhecimento a respeito dos fatores de risco referentes ao zumbido tem o intuito de favorecer orientações e estratégias de promoção de saúde que possam trazer esclarecimentos sobre as formas de prevenção ou diminuição do incômodo com o sintoma, e assim promover melhora da qualidade de vida destes pacientes. Objetivo: Identificar os fatores de risco associados ao zumbido crônico e caracterizar o grau de incômodo referido pelos indivíduos desta amostra. Metodologia: Estudo observacional, analítico do tipo caso-controle, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), nº 4.880.618. A amostra foi composta por 100 indivíduos, divididos em Grupo de Pesquisa (GP) com 50 participantes com queixa de zumbido crônico e o Grupo Controle (GC) com 50 participantes, sem queixa de zumbido, pareados conforme gênero e faixa etária. Como critérios de inclusão para o GP foram considerados pacientes de ambos os sexos, com queixa de zumbido crônico (há mais de três meses), idade entre 18 anos e 80 anos. Os participantes responderam a um questionário, por meio de entrevista, para investigar as comorbidades e condições clínicas relacionadas à presença do zumbido crônico. As questões foram categorizadas em: 1) alterações metabólicas e sistêmicas, 2) alterações musculoesqueléticas e dentárias, 3) doenças relacionadas ao sistema auditivo e 4) aspecto psicológico e/ou mental. Para o GP, aplicou-se o questionário de autoavaliação Tinnitus Handicap Inventory (THI) que dispõe de 25 perguntas distribuídas em três escalas (funcional, emocional e catastrófica) sobre o impacto do zumbido na qualidade de vida do indivíduo e a Escala Visual Analógica (EVA) para estimativas do nível de incômodo com o zumbido. Os dados foram analisados por meio do teste de associação qui-quadrado para verificar a associação entre os grupos (caso e controle) e fatores de risco; e o modelo de regressão logística para verificar a associação por meio da medida de mensuração Odds Ratio. Considerou-se um nível de significância de 5% e o intervalo de confiança com 95%. Resultados: Para o GP, a localização do zumbido mais frequente foi bilateral (em ambos ouvidos), referida por 20 participantes (48%), unilateral esquerdo por 16 participantes (32%), seguido do unilateral direito por 10 participantes (20%) da amostra. As medidas de mensuração do Odds Ratio bruto confirmaram a influência das variáveis diabetes mellitus e perda auditiva associadas ao zumbido, o que pode ser justificado pela estreita relação entre o metabolismo da glicose e sua influência na fisiologia da orelha interna. As demais variáveis não apresentaram valores de Odds Ratio bruto característico de fator associado ao risco. Observou-se, ainda, predomínio do escore total do THI entre os graus moderado (28%) e severo (24%) e, para EVA, grau severo (62%) de incômodo nos participantes avaliados. Conclusão: Observou-se associação entre as comorbidades diabetes mellitus e perda auditiva como fatores de risco para a presença do sintoma zumbido, com predomínio dos níveis de incômodo entre os graus moderado e severo na amostra estudada.
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