QUAIS OS EFEITOS DA REALIDADE VIRTUAL NA DISFUNÇÃO VESTIBULAR? UMA META-ANÁLISE
Zeigelboim, B.S. ;
Santos, G.J.B. ;
Severiano, M.I.R. ;
Cavalcante-Leão, B.L. ;
Cardoso, A.H.L.S. ;
Santos, R.S. ;
Teive, H.A.G. ;
Taveira, K.V.M. ;
Fidêncio, V.L.D. ;
Araújo, C.M. ;
Introdução: a realidade virtual visa modificar o sistema de controle postural por meio de exercícios físicos específicos e repetitivos em diferentes condições e é uma ferramenta utilizada na reabilitação de doenças neurodegenerativas e vestibulares, possibilitando a imersão em um mundo lúdico e ilusório. A revisão sistemática mais recente que abordou o uso dessa ferramenta incluiu apenas pacientes com diagnóstico de doença de Parkinson, sem nenhum estudo com diagnóstico específico para disfunção vestibular. Objetivo: o objetivo deste estudo foi responder à seguinte questão focal: "Quais os efeitos da reabilitação vestibular com realidade virtual em adultos com vestibulopatias?" Metodologia: foi realizada uma revisão sistemática de acordo com o Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analysis (PRISMA). O acrônimo PICOS foi utilizado para definir os critérios de elegibilidade. Foram incluídos estudos longitudinais prospectivos que investigaram reabilitação vestibular com realidade virtual em adultos com 18 anos ou mais com diagnóstico de disfunção vestibular de qualquer etiologia, independentemente de sexo ou etnia. A função vestibular deveria ter sido avaliada por meio de testes e questionários validados. As estratégias de busca foram desenvolvidas e adaptadas para sete bases de dados: Cinahl, Cochrane Library, Embase, Literatura Latino-Americana do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), PubMed/Medline, Scopus e Web of Science. Uma pesquisa adicional de literatura cinzenta foi realizada no Google Scholar, OpenGrey e ProQuest. O risco de viés e a certeza da evidência foram avaliados e uma meta-análise de efeitos aleatórios foi realizada. Resultados: 18 artigos foram incluídos para a meta-análise. Dos estudos incluídos, doze eram ensaios clínicos. O tamanho das amostras variou de 16 a 87 sujeitos, e a faixa etária dos participantes foi de 18 a 82 anos. A disfunção vestibular nas amostras dos estudos incluídos estava relacionada a distúrbios vestibulares periféricos, centrais ou mistos, esclerose múltipla com comprometimento do equilíbrio associado a lesões desmielinizadas no cerebelo, doença vestibular periférica crônica, hipofunção vestibular periférica unilateral, vertigem visual, acidente vascular cerebral subagudo, concussão, doença de Parkinson e ataxia espinocerebelar. Houve melhora no nível de confiança nos escores de equilíbrio entre o início e o pós-intervenção de 11,22 [IC95% = 8,55 – 13,88; I2 = 18%]. Também foi observada melhora nos efeitos incapacitantes causados pela tontura, com diferença entre as médias em relação ao período pré e pós terapia de -22,76 [IC95% = -28,70 – -16,82; I2 = 88%]. A avaliação da certeza da evidência foi considerada baixa. Conclusão: conclui-se que a terapia com realidade virtual nas doenças vestibulares tem apresentado resultados eficientes, sendo uma ferramenta útil, de baixo custo e motivadora no tratamento dessas doenças. No entanto, a literatura disponível ainda fornece uma baixa qualidade de evidência, necessitando de estudos com melhor descrição da abordagem metodológica para garantir maior robustez a essas descobertas.
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