AUDBILITY: MONITORAMENTO DAS HABILIDADES AUDITIVAS EM CRIANÇAS COM DISFONIA COMPORTAMENTAL APÓS ESTIMULAÇÃO AUDITIVA E VOCAL
Tanaka, T.N. ;
Constantini, A.C. ;
Lemos, A.C.P. ;
Maunsell, R. ;
Amaral, M.I.R. ;
Introdução: O Transtorno do Processamento Auditivo Central (TPAC) pode ocorrer
associado a diferentes quadros na infância, dentre eles, a disfonia comportamental.
Assim, métodos adequados de estimulação e monitoramento das habilidades auditivas
podem auxiliar na reabilitação de crianças com disfonia. O AudBility foi validado como
protocolo de triagem das habilidades auditivas e, apesar de ser utilizado clinicamente
também como um recurso de monitoramento terapeutico, nenhum estudo foi realizado
nesse sentido. Objetivo: Analisar o desempenho de um grupo de crianças de 6 a 10
anos com disfonia comportamental no programa AudBility e no Questionário de
Sintomas Vocais Pediátrico (QSV-P), aplicados pré e pós um protocolo de estimulação
vocal e auditiva. Método: Estudo quantitativo, descritivo, de intervenção e de corte
longitudinal (CEP - 4.793.214). Foram incluídas 9 crianças com média de idade de
8,27+1,56 anos, sendo 5 (55,55%) meninas, com desenvolvimento típico, falantes
nativos do português, diagnóstico fonoaudiológico e otorrinolaringológico confirmado de
disfonia comportamental sem processo de reabilitação iniciado, desempenho escolar
adequado para a idade, com audição periférica normal e ausência de histórico de otite.
Após avaliação audiológica básica, os seguintes procedimentos foram aplicados: QSV-
P (versões autopercepção e parental), programa AudBility, composto pelo Questionário
de Autopercepção do Processamento Auditivo Central (QAPAC), nas versões
autopercepção e parental, e tarefas auditivas de localização sonora (LS), integração
binaural (IB), fechamento auditivo (FA), figura fundo (FF), resolução temporal (RT) e
ordenação temporal de frequência (OT-F). Após a avaliação, os participantes passaram
por quatro sessões de terapias que contemplaram 30 minutos de exercícios vocais e
orientações sobre cuidados com a voz e 30 minutos de estimulação auditiva por meio
de atividades do programa Afinando o Cérebro e exercícios para casa. Ao fim da
intervenção, as crianças foram reavaliadas. O teste de Wilcoxon comparou o
desempenho entre os dois momentos de aplicação. Adotou-se nivel de significancia de
5%. Resultados: Todas as tarefas do AudBility apresentaram melhora nas médias das
pontuações de acertos no momento pós e foi observada diferença significante entre os
dois momentos de aplicação nas tarefas de FA (p=0,039) e FF ( p=0,032). A melhora
também foi observada na média de escore do QAPAC, sugerindo redução na percepção
de sintomas auditivos, tanto na versao autopercepção (de 44+7,07 para 47,7+6,31)
quanto parental (de 37,62+7,94 para 44,42+8,10). Observou-se também redução das
percepção de sintomas vocais no QSV-P, tanto na versão autopercepção (de 11,56+9,81 para 9,96+7,87) quanto parental (de 14,71+11,22 para 5,17+3,61)
Conclusão: Na comparação pré e pós intervenção terapêutica, foi possível observar
melhora no desempenho da amostra em ambas as versões dos questionários QSV-P e
QAPAC, e tarefas auditivas. Os dados reforçam a confiabilidade do AudBility e
demonstraram a aplicabilidade do programa para a população de crianças com disfonia
comportamental.
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