AVALIAÇÃO AUDITIVA EM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS USUÁRIOS DE FONES DE OUVIDO: AUDIOMETRIA TONAL E EMISSÕES OTOACÚSTICAS
Câmara, L. A. ;
Varjão, L. F. S. ;
Oliveira, T. C. G. ;
Silva, I. M. C. ;
Pereira, V. R. C. ;
Introdução: O sistema auditivo desempenha um papel fundamental na recepção e interpretação dos estímulos sonoros do ambiente e engloba diversas estruturas. As células ciliadas externas funcionam como um amplificador coclear e a exposição prolongada a ruídos altos e contínuos pode resultar em danos a essas células, levando à ocorrência de perda auditiva. A perda auditiva induzida por ruído (PAIR) representa a segunda causa mais comum de hipoacusia neurossensorial e é considerada uma doença crônica irreversível. No que diz respeito ao uso de fones de ouvido, sabe-se que essa tecnologia faz parte do uso cotidiano dos jovens e está voltada para a amplificação sonora individual e seu uso contínuo pode ocasionar PAIR. Objetivo: Avaliar a audição de usuários de fones de ouvido e identificar possíveis alterações auditivas por meio de Audiometria Tonal, Emissões Otoacústicas Transientes (EOAT) e por Produto de Distorção (EOAPD). Metodologia: Trata-se de um estudo transversal e quantitativo, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (nº 3.344.836/2019). Participaram 42 estudantes universitários entre 18 a 26 anos, média de 21,07 (±1,23). Foram avaliados por meio da audiometria tonal nas frequências convencionais e nas emissões nas frequências de 1000, 1500, 2000, 3000 e 4000 Hz. Os dados foram analisados por meio do t test, análise de variância (ANOVA) e tukey test. Resultados: Os participantes tinham como perfil de utilização dos fones de ouvido de inserção, por cerca de 3 horas diárias, 3 ou mais vezes por semana, por mais de 5 anos. A audiometria tonal identificou um entalhe em 6000 Hz compatível ao apresentando na Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR), porém os limiares dos participantes apresentam-se dentro da normalidade. As médias dos limiares tonais das orelhas foram comparadas por meio do t-test. Não foram constatadas diferenças entre as orelhas. A análise de variância mostrou diferença (p<0,05) na orelha direita entre as frequências de 6000 e 1000 Hz, 6000 e 2000 Hz, 6000 e 3000 Hz, 6000 e 4000 Hz, além de 250 e 2000 Hz. Na orelha esquerda, entre 6000 Hz e as demais frequências, exceto 250 e 500 Hz, e entre 250 e 2000 Hz, 250 e 3000 Hz, 250 e 4000 Hz, como também 500 e 3000 Hz, 500 e 4000 Hz. Nos testes EOAT e EOAPD, foi observado atividade normal das células ciliadas externas. Na análise das EOAT, não houve diferença entre orelhas ou frequências. Na EOAPD, foi observada diferença entre os resultados da orelha direita e esquerda (p<0,05) apenas ao comparar a frequência de 1500 Hz. Conclusão: O hábito de utilização dos fones de ouvido em jovens universitários parece não ter provocado alterações relevantes na função das células ciliadas externas ou nos limiares tonais, exceto na frequência de 6000 Hz, no recorte deste estudo. Faz-se necessária a orientação e conscientização sobre os hábitos auditivos, além do acompanhamento da função auditiva ao longo dos anos.
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