OCORRÊNCIA DE INDICADORES DE RISCO PARA A AUDIÇÃO EM RECÉM-NASCIDOS DO ALOJAMENTO CONJUNTO
Oliveira, R. S. ;
Souza, R. V. ;
Silva, V. B. ;
Introdução: A triagem auditiva neonatal desempenha um papel crucial dentro de um conjunto abrangente de iniciativas dedicadas à promoção da saúde auditiva na infância. Esta prática é fundamental para identificar precocemente perdas auditivas em recém-nascidos, utilizando testes objetivos como as emissões otoacústicas evocadas e o potencial evocado auditivo de tronco encefálico automático. Durante os períodos pré-natal, peri-natal e pós-natal, diversas situações têm o potencial de provocar alterações no sistema auditivo, reconhecidas como indicadores de risco para a audição. A presença desses indicadores aumenta a probabilidade de recém-nascidos manifestarem algum tipo de alteração auditiva. Embora sejam mais comuns em bebês provenientes de unidades de cuidado intensivo neonatal, é importante ressaltar que alguns indicadores não se limitam a essa população, sendo observados também em recém-nascidos que compartilham o alojamento conjunto com suas mães. Objetivo: Analisar a ocorrência de indicadores de risco para a audição e o resultado da triagem auditiva em recém-nascidos provenientes do alojamento conjunto. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal, realizado no banco de dados da triagem auditiva neonatal de uma maternidade pública, referência para a gestação de alto risco, no período de fevereiro de 2015 a junho de 2020. Neste período 14699 recém-nascidos oriundos do alojamento conjunto da unidade realizaram a triagem auditiva. As variáveis de interesse foram a ocorrência, tipo e quantidade de indicadores de risco e os resultados da triagem auditiva. O programa onde foi realizado o estudo segue as recomendações do Ministério da Saúde do Brasil, descritas nas diretrizes de atenção a triagem auditiva neonatal (2012). Os dados foram analisados por meio da estatística descritiva. Resultados: Dos recém-nascidos triados, 78,4% (n=11.524) não apresentaram indicadores de risco para a audição, enquanto 21,6% (n=3.175) apresentaram; Dentre estes, 87,6% (n=2.780) exibiram um indicador, e 12,4% (n=395) manifestaram dois indicadores ou mais; O indicador de risco mais comum foi o uso de medicamento ototóxico, com 40,3% (n=1.280), seguido por infecção por sífilis, com 12% (n=381), e toxoplasmose, com 9,5% (n=304); Em relação aos resultados da triagem auditiva, os recém-nascidos sem indicadores apresentaram 4% (n=460) de alterações na triagem, enquanto o grupo com indicadores apresentaram 5,4% (n=170) de alteração; Quando analisado a ocorrência isolada ou associada de indicadores de risco, constatou-se que na ocorrência de indicador isolado, a alteração na triagem foi de 5% (n=140) e na associação desses indicadores, a alteração na triagem foi de 8% (n=30). No contexto geral do programa, 4,3% (n=630) dos recém-nascidos apresentaram resultados alterados na triagem auditiva. Conclusão: A prevalência de recém-nascidos em situação de risco para deficiência auditiva em um alojamento conjunto de maternidade pública, especializada no atendimento de gestações de alto risco, é de 21,6%, ocorrendo de forma isolada em 87,6% dos casos. O fator mais frequente é o uso de medicamentos ototóxicos, evidenciando-se em 40,3%. Os recém-nascidos identificados como de alto risco auditivo apresentam uma prevalência de alteração na triagem auditiva superior em comparação aos de baixo risco, podendo ainda ser mais elevada na presença de indicadores associados.
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