HABILIDADES DA PERCEPÇÃO VISUAL EM CRIANÇAS COM TRANSTORNO DO PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL.
Melo, N. C. O. ;
Figueiredo, D. F. ;
Medeiros, V. N. ;
Miranda, A. C. ;
Rosa, M. R. D. ;
Introdução
O Processamento Auditivo Central (PAC) é responsável pelo processamento neural dos estímulos auditivos e pela utilização da informação auditiva pelo sistema nervoso. É através desse processo que detectamos, discriminamos, localizamos, reconhecemos e compreendemos os sons, incluindo a memória e a capacidade de manter uma atenção seletiva. O Transtorno do Processamento Auditivo Central (TPAC) ocorre quando há uma falha nesse processamento, resultando em dificuldades na compreensão da fala em ambientes ruidosos, bem como na identificação e discriminação de padrões sonoros. Por outro lado, a percepção visual é o processo pelo qual o cérebro interpreta e organiza as informações visuais captadas pelos olhos, o que envolve habilidades de captura, processamento e interpretação dos estímulos visuais, resultando na formação de uma representação coerente do ambiente ao nosso redor. Embora a percepção visual e o processamento auditivo central sejam processos distintos, ambos são essenciais para fornecer uma compreensão abrangente e precisa do ambiente. Esses dois processos vêm sendo relacionados como importantes para o desenvolvimento infantil, principalmente nas questões de aprendizagem.
Objetivo
Investigar as habilidades visuais em crianças com TPAC.
Metodologia
Após a aprovação no comitê de ética, o projeto foi realizado na Clínica-Escola de Fonoaudiologia da UFPB. Participaram voluntários de 7 a 10 anos de ambos os sexos, com limiares audiométricos normais e diagnóstico de TPAC. Não foram incluídos participantes com alterações neurológicas ou outras comorbidades. Todos os participantes e responsáveis consentiram voluntariamente. O estudo incluiu 10 indivíduos (4 meninas e 6 meninos) e a coleta de dados incluiu testes como PSI, FR, PPS, GIN, DD e MLD para avaliar o PAC, seguido pelo Teste de Desenvolvimento da Percepção Visual - 2 (DTVP-2) para avaliar a capacidade perceptivo-visual, por meio de oito subtestes, que medem habilidades viso-motoras e percepto-visuais diferentes, porém interrelacionadas.
Resultados
Os resultados do teste DTVP-2 revelam uma variedade de resultado nos desempenhos das diferentes habilidades visuais. Os subtestes de cópia e velocidade visomotora mostraram os melhores desempenhos, 100% dos participantes tiveram desempenho “médio” ou superior. Em contrapartida as habilidades de constância de forma (90%), closura visual (70%), figura fundo (70%), velocidade visuomotora (70%) e relações espaciais (60%) tiveram os piores desempenhos, ou seja, as maiores porcentagem de pontuações “abaixo da média” ou categoria inferior foram encontradas nessas habilidades. Na habilidade visual de posição no espaço houve desempenho intermediário entre os participantes, onde 50% tiveram o desempenho “fraco” ou inferior e 50% tiveram o desempenho “médio” ou superior. Esses resultados destacam áreas específicas que podem exigir intervenção para melhora do desempenho nas habilidades visuais e motoras avaliadas.
Conclusão
De acordo com os resultados, conclui-se que indivíduos com TPAC podem apresentar baixo desempenho nas habilidades visuais além das dificuldades nas habilidades auditivas centrais, necessitando assim uma maior atenção em ambos os processos e na correlação entre eles para um melhor desempenho terapêutico.
DADOS DE PUBLICAÇÃO