AVALIAÇÃO MORFOLÓGICA DOS POTENCIAIS EVOCADOS AUDITIVOS DE TRONCO ENCEFALICO EM PACIENTES PÓS-INTERNADOS POR COVID-19
Lopes, S. L. ;
Menezes, L. P. ;
Introdução: Hoje em dia já se sabe que as infecções virais, como a COVID, podem causar danos no sistema auditivo e perda da audição, podendo manifestar-se em uma orelha ou nas duas. Os mecanismos que levam à perda auditiva por diferentes vírus variam muito, desde dano direto às estruturas do ouvido interno, abrangendo células ciliadas do ouvido interno e órgão de Corti (como observado em algumas das causas classificadas de perda auditiva viral, como o sarampo), até indução de dano mediado pelo hospedeiro. Ainda que a ciência tenha muito conhecimento sobre a COVID-19, os estudos sobre avaliação audiológica em pacientes pós infecção são limitados. Esta pesquisa avalia o impacto da COVID-19 na morfologia dos potenciais evocados auditivos de tronco encefálico, com base na conhecida associação entre infecções virais e alterações no sistema auditivo. Objetivo: Avaliar a morfologia dos potenciais evocados auditivos de tronco encefálico em pacientes pós-internação por COVID-19. Métodos: Trata-se de um estudo observacional, ecológico e transversal. Foram analisadas ondas eletrofisiológicas dos Potenciais evocados auditivos de tronco encefálico. A análise foi realizada usando o aplicativo Smart Tools Evoked Potentials 2.0. Diversas análises no domínio do tempo e da frequência foram realizadas para determinar possíveis alterações na morfologia das ondas eletrofisiológicas. Resultados: Há uma diferença estatisticamente significante na onda V, mais especificamente em sua latência, quando comprado grupo estudo ao grupo controle. O valor de P (0,017) sendo menor que o nível de significância (0,05) demonstra que essa diferença é importante. Com o teste de Cohen calculou-se o tamanho do efeito (-0,58), que indica uma diferença de magnitude moderada, devido ao sinal negativo há indicativos de que a latência da onda V é maior no grupo estudo quando comparada ao grupo controle. A área entre limites também mostrou diferença estatística, sendo o grupo controle com maior área e o grupo estudo com menor área. Com o teste de Cohen calculou-se o tamanho do efeito (0,48). Conclusão: Por fim, foi concluído que o atraso na latência da onda V do grupo com COVID é resultado da diminuição da atividade neural reafirmada na diminuição da área entre os limites. Como não houve diferença interlatencias, essa diminuição possivelmente se restringe a via auditiva a partir do lemnisco lateral.
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