CRIANÇAS ALERTAS OU EXAUSTAS? CORRELAÇÃO ENTRE PARTICIPAÇÃO ESCOLAR E FADIGA AUTORRELATADA EM CRIANÇAS OUVINTES
Almeida, T.F. ;
Silva, L.M.R. da ;
Braz, P.H.S. ;
Veloso, G.F. ;
Carvalho, H.A.S. de ;
Boger, M.E. ;
Fidêncio, V.L.D. ;
Introdução: as salas de aula são ambientes ruidosos e crianças em idade escolar estão entre 70% e 80% do seu tempo ouvindo na presença de ruído. Sendo assim, a fadiga ao se esforçar para escutar tem-se manifestado em todo ambiente educacional e pode trazer prejuízos na concepção dos aprendizados linguísticos, impactando na participação escolar e sendo um empecilho para alcançar um desempenho acadêmico favorável. Objetivo: avaliar o nível de fadiga autorrelatado e correlacionar com a participação em sala de aula de crianças ouvintes em idade escolar. Metodologia: estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas sob parecer nº 5.670.531. Os pais e/ou responsáveis assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e os participantes assinaram o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido (TALE). Foram incluídas crianças de 7 a 12 anos, com limiares auditivos de via aérea dentro do padrão de normalidade para a média tritonal e curva timpanométrica do tipo A, que não apresentavam queixas auditivas. Além de serem submetidos à avaliação audiológica, os participantes também responderam à versão no português brasileiro do Classroom Participation Questionnaire (CPQ) - Questionário de participação em sala de aula, composto por 16 itens divididos em quatro subescalas, pontuadas de 1 (quase nunca) a 4 (quase sempre) e à escala “Avaliação informal da fadiga”, composta por 11 questões com opções de resposta que variam de 0 (não é um problema) a 3 (é mais do que comum). Para a análise de correlação entre as variáveis foi utilizado o teste de Correlação de Pearson, no programa SigmaPlot. Adotou-se nível de significância p<0,05. Resultados: a amostra foi composta por 15 crianças, sendo 4 do sexo feminino e 11 do sexo masculino, com média de idade de 9,33 anos. A pontuação na Escala de Avaliação Informal da Fadiga variou de 0 a 18 pontos, com média de 6,93 pontos entre os participantes. Já no CPQ, observou-se uma média de 3,01 pontos para a subescala “comprensão dos professores”, 3,38 pontos para “compreensão de estudantes”, 3,26 pontos para “aspectos positivos” e 1,71 pontos para “aspectos negativos”. Não houve correlação entre o nível de fadiga e a subescala “compreensão de professores”. No entanto, observou-se uma correlação negativa entre o nível de fadiga e a “compreensão de estudantes” (p<0,05), indicando que quanto menor o nível de fadiga, menor a dificuldade da criança em entender os colegas e participar de discussões em sala de aula. Da mesma forma, houve correlação negativa entre o nível de fadiga e a subescala “aspectos positivos” (p<0,05), demonstrando que menores níveis de fadiga estão associados a mais aspectos positivos com relação à participação da criança em sala de aula. Também observou-se correlação entre o nível de fadiga e a subescala “aspectos negativos” (p<0,05), demonstrando que maiores níveis de fadiga correlacionam-se a maior percepção dos aspectos negativos em sala de aula (frustração e chateação). Conclusão: conclui-se que o nível de fadiga correlaciona-se com a participação em sala de aula em crianças ouvintes, demonstrando que crianças mais fadigadas enfrentam mais aspectos negativos de participação acadêmica.
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