O EFEITO DO AUMENTO DA VELOCIDADE DE APRESENTAÇÃO DOS ESTÍMULOS NO POTENCIAL EVOCADO AUDITIVO DO TRONCO ENCEFÁLICO (PEATE)
Bernardes, L. M. ;
Boeger, D. A. ;
Knappmann, K. ;
Caetano, E.D. ;
Noll, M. J. ;
Silva, D. P. C. ;
Roggia, S. M. ;
Introdução: O Potencial Evocado Auditivo do Tronco Encefálico (PEATE) é um exame eletrofisiológico que permite a avaliação da integridade do nervo auditivo e da via auditiva no tronco encefálico. Evidências mostram que o PEATE com velocidade de apresentação dos estímulos aumentada pode detectar mais precocemente alterações centrais. Porém, existem poucos dados na literatura mostrando o que acontece quando essa taxa de apresentação é aumentada. Objetivo: Verificar os efeitos do aumento da taxa de apresentação dos estímulos no PEATE neurodiagnóstico. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal aprovado pelo comitê de ética do local no qual foi realizado. O PEATE neurodiagnóstico foi feito em 34 indivíduos adultos sem queixas auditivas, com resultados normais na avaliação audiológica básica e sem exposição à ruído e/ou agentes ototóxicos. Os estímulos foram apresentados de forma monoaural via fones de inserção 3A em duas velocidades: 21.1 cliques por segundo e 71.1 cliques por segundo. As duas pesquisas foram realizadas com estímulo clique, 2048 estímulos, janela de registro de 12ms, polaridade rarefeita, filtros de 100Hz e 3000Hz e intensidade de 80dBNA. Os dados foram tabulados no Excel e posteriormente foi aplicado o teste estatístico não paramétrico de Wilcoxon. Resultado: Participaram da coleta 10 indivíduos do sexo masculino e 24 indivíduos do sexo feminino, com idades entre 18 e 45 anos. Constatou-se que os valores da latência da onda V foram significantemente maiores na velocidade de 71.1 do que na velocidade 21.1 bilateralmente (p<0.01). As latências médias obtidas na velocidade de 21.1 na onda I foi de 1.69ms à direita e 1.60ms à esquerda, e na velocidade de 71.1 foram de 2.01ms à direita e 1.90ms à esquerda, resultando em uma diferença de latências de 0.32 na orelha direita e 0.30 à esquerda. A latência média na onda III em 21.1 foi de 3.81ms na orelha direita e 3.79ms na orelha esquerda, e na velocidade 71.1 foi de 4.20 na orelha direita e 4.13 na esquerda, resultando numa diferença de 0.39 na orelha direita e de 0.34 na esquerda. Na onda V, velocidade 21.1, a latência média foi 5.67ms à orelha direita e de 5.68ms à esquerda, já para 71.1, na orelha direita foi de 6.05ms e à esquerda 5.97ms, evidenciando uma diferença de 0.38 à direita e 0.29 à esquerda . Quanto à amplitude, os valores desse parâmetro mostraram-se significantemente maiores na velocidade 21.1 (p<0.01) bilateralmente em todas as ondas. Na velocidade de 21.1 cliques por segundo, as ondas I, III e V apareceram em 100% dos participantes da pesquisa, em ambas orelhas. Já na velocidade de 71.1 cliques por segundo, a onda I da orelha direita apareceu em 44,11% dos indivíduos e da orelha esquerda apareceu em 41,17% dos indivíduos, a onda III apareceu em 47,5% dos indivíduos bilateralmente, enquanto a onda V apareceu em 100% dos casos. Conclusão: Com o aumento da taxa de apresentação dos estímulos no PEATE neurodiagnóstico, as ondas I e III não apareceram em todos os pacientes; os valores de latência da onda V foram maiores e de amplitude foram menores bilateralmente.
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