PROVÁVEL ASSOCIAÇÃO ENTRE ANOSMIA E PLENITUDE AURICULAR EM PESSOAS APÓS COVID-19
Marchiori, G.M. ;
Rodrigues, L.C. ;
Marchiori, V.M. ;
Tananka, L.S. ;
Perli, V.A.S. ;
Bento, O.G. ;
Branco, B.H.M. ;
Marchiori, L.L.M. ;
Introdução: A definição de consenso da Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que a condição pós-COVID-19 ocorre em indivíduos com histórico de infecção provável ou confirmada por SARS-CoV-2, geralmente 3 meses após o início da COVID-19, com sintomas que duram pelo menos 2 meses e não podem ser explicados por um diagnóstico alternativo, mas as correlações entre os vários sintomas e os seus efeitos na saúde a longo prazo ainda permanecem desconhecidos. Embora a anosmia tenha sido identificada como um dos melhores preditores de bom prognóstico para COVID-19, ela tem sido associada à persistência de sintomas, auditivos, neurológicos e otoneurológicos em pessoas após COVID-19. Objetivo: Neste estudo optou-se por verificar a provável associação entre anosmia e plenitude auricular em pessoas após COVID-19. Métodos: Este estudo transversal faz parte de uma pesquisa mais ampla denominada “Projeto Pós-COVID-19”. Os critérios de inclusão para este estudo foram: ter entre 19 e 65 anos; ter diagnóstico positivo de COVID-19 por meio de teste molecular qualitativo (RT-PCR), apresentar resultado do exame e/ou alta hospitalar após tratamento para COVID-19; ter contraído COVID-19 entre 1º de março e 1º de julho de 2021; ter recebido a primeira dose da vacina COVID-19. Os dados foram coletados entre agosto e dezembro de 2021 por avaliadores treinados da equipe multiprofissional, orientados por médicos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, nutricionistas e educadores físicos. Os pacientes foram recrutados por meio de encaminhamento do hospital municipal, após a alta. Na primeira visita ao laboratório de pesquisa, os participantes foram avaliados clinicamente e responderam a um questionário padronizado com 90 itens abertos e fechados, abrangendo dados sobre histórico médico, doenças preexistentes, necessidade de internação, tempo e tipo de internação e sintomas como plenitude auricular e anosmia durante e/ou após a COVID-19, além da duração dos sintomas após a alta hospitalar. Foi utilizado o teste qui-quadrado com nível de significância de 0,05. Resultados: Foram analisadas as respostas de 201 participantes com idade média de 44,7 ± 12,7 anos, 52,2% (n = 105) eram do sexo masculino, 67,7% haviam sido hospitalizados (n = 136), 55,7% (n = 112) relataram anosmia, 49,1% e 14,6% (n = 16) plenitude auricular. No grupo com anosmia foram encontradas prevalências significativamente maiores de plenitude auricular (RR = 1,45; IC95% 1,08 - 1,97). Conclusão: Houve maior frequência de plenitude auricular no grupo com anosmia. Esses achados sugerem a necessidade de estudos com desenho mais robusto para verificar a real associação entre anosmia e plenitude auricular em pacientes após COVID-19 e com COVID longa. Uma melhor compreensão das correlações entre vários sintomas e os efeitos a longo prazo na saúde entre pacientes adultos após a COVID-19 certamente ajudará no manejo desses sintomas pelos profissionais de saúde e na melhor qualidade de vida desses pacientes.
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